Análise do astigmatismo corneano nos candidatos a cirurgia de catarata

Resumo

Introdução: apesar das opções para correcção do astigmatismo corneano aquando da cirurgia de catarata, especialmente o uso de lentes intraoculares tóricas, existem poucos dados relativos à prevalência e magnitude do astigmatismo corneano em doentes portugueses. O objectivo deste estudo foi proceder a essa análise e realçar a importância do reconhecimento e tratamento do astigmatismo durante a cirurgia de catarata.

Material e Métodos: foi realizada tomografia corneana com Pentacam HR® a doentes propostos para cirurgia de catarata na consulta geral de oftalmologia do Hospital de Egas Moniz. Foram excluídos doentes com astigmatismos irregulares ou outras patologias oculares importantes associadas. Procedeu-se à análise da queratometria e astigmatismo das faces anterior e posterior da córnea.

Resultados: foram avaliados 234 olhos de 117 doentes com idade média de 74.45 ± 7.66 anos. O astigmatismo corneano da face anterior médio foi de 0.98 ± 0.74D (0.1 – 3.4D), com 39% dos olhos com valores superiores a 1.00D e apenas 32% dos olhos com um astigmatismo inferior a 0.50D. O astigmatismo da face anterior foi oblíquo na maioria dos olhos (48%). O astigmatismo da face posterior médio foi de 0.28 ± 0.15D (0.1 – 0.9 D), com o eixo mais curvo alinhado verticalmente em 68% dos olhos.

Conclusões: mais de um terço dos casos propostos para cirurgia de catarata apresenta astigmatismo corneano anterior superior a 1.00D. O astigmatismo posterior médio foi de 0.28D. Estes dados devem ser tidos em consideração ao planear a cirurgia de catarata para obtenção dos melhores resultados visuais e refractivos possíveis.