Uma reflexão sobre um processo de transformação de práticas pedagógicas nos espaços exteriores em contextos de educação de infância

Thinking about a transformation process concerning outdoor pedagogical practices in early years settings

Autores

  • Gabriela Bento Universidade de Aveiro
  • Gabriela Portugal

DOI:

https://doi.org/10.21814/rpe.17657

Palavras-chave:

Educação de infância, Práticas educativas, Brincar ao ar livre, Mudança pedagógica

Resumo

A investigação realizada sobre espaços exteriores em contextos educativos aponta para cenários de desinvestimento e de desvalorização destes ambientes, apesar do seu contributo para a aprendizagem e desenvolvimento das crianças. A implementação de mudanças que potenciem uma valorização efetiva do brincar ao ar livre, em contextos de educação de infância, pressupõe a conceção de processos formativos que ajudem os profissionais de educação a transformar práticas enraizadas. Em resposta ao interesse manifestado por duas equipas de profissionais de educação de infância portugueses, desenvolvemos uma formação em contexto destinada à melhoria das práticas pedagógicas ao ar livre. Neste artigo apresentamos uma reflexão crítica sobre dimensões que emergiram a partir do processo formativo vivido e que parecem influenciar a concretização e sustentabilidade da mudança (disposição para a mudança; trabalho de equipa; recursos e equipamentos; envolvimento das famílias; imagens de criança, de aprendizagem e papel do adulto). Dentro destas dimensões, que se interligam, sobressaem desarticulações entre discursos e práticas, situando-se os principais desafios ao nível da transformação da imagem de criança e da consequente ação do educador, o que exige desenvolvimento de atitude crítica, avaliativa e reflexiva.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Abrahamson, E., & Baumard, P. (2008). What lies behind organizational façades and how organizational façades lie: Un untold story of organizational decision making. In G. P. Hodginkinson & W. H. Starbuck (Eds.), Organizational decision making (pp. 437–451). Oxford, UK: Oxford University Press.

Bento, G. (2015). Infância e espaços exteriores – Perspetivas sociais e educativas na atualidade. Investigar em Educação, 2(4), 127–140.

Bento, G. (2017). Arriscar ao brincar: Análise das perceções de risco em relação ao brincar num grupo de educadoras de infância. Revista Brasileira de Educação, 22(69), 385–403. https://doi.org/10.1590/s1413-24782017226920

Bento, G. (2019). Espaços exteriores e organização pedagógica em educação de infância – Políticas, projetos e práticas (Tese de doutoramento não publicada). Universidade de Aveiro, Aveiro, Portugal.

Bento, G., & Costa, J. A. (2018). Outdoor play as a mean to achieve educational goals – A case study in a Portuguese day-care group. Journal of Adventure Education and Outdoor Learning, 18(4), 289-302. https://doi.org/10.1080/14729679.2018.1443483

Bento, G., & Portugal, G. (2016). Valorizando o espaço exterior e inovando práticas pedagógicas em educação de infância. Revista Iberoamericana de Educación, 72, 85–104.

Bilton, H., Bento, G., & Dias, G. (2017). Brincar ao ar livre. Porto, Portugal: Porto Editora.

Bilton, H., & Crook, A. (2016). Exploring outdoors ages 3-11. Oxon, UK: Routledge.

Brunsson, N. (2006a). A organização da hipocrisia. Porto, Portugal: ASA Editores, S.A.

Brunsson, N. (2006b). Administrative reforms as routines. Scandinavian Journal of Management, 22(3), 243–252. https://doi.org/10.1016/j.scaman.2006.10.007

Cruz, I. (2013). Potencialidades e utilização do espaço recreio: Um estudo desenvolvido em escolas do 1.o ciclo do ensino básico (Dissertação de mestrado não publicada). Instituto Politécnico de Lisboa, Lisboa, Portugal. Disponível em http://hdl.handle.net/10400.21/3320

Ferreira, M., & Tomás, C. (2018). “O pré-escolar faz a diferença?”. Políticas educativas na educação de infância e práticas pedagógicas. Revista Portuguesa de Educação, 31(2), 68–84. https://doi.org/10.21814/rpe.14142

Figueiredo, A. (2015). Interação criança-espaço exterior em jardim de infância (Tese de doutoramento não publicada). Universidade de Aveiro, Aveiro, Portugal.

Frost, J. (2012). The changing culture of play. International Journal of Play, 1(2), 117–130. https://doi.org/10.1080/21594937.2012.698461

Gill, T. (2010). Sem medo. Crescer numa sociedade com aversão ao risco. Cascais, Portugal: Principia.

Ginsburg, K. R. (2007). The importance of play in promoting healthy child development and maintaining strong parent-child bonds. Pediatrics, 119(1), 182–188.

Giordan, A. (1998). Apprendre! Paris, France: Éditions Belin.

Howard, J. (2010). Early years practitioners’ perceptions of play: An exploration of theoretical understanding, planning and involvement, confidence and barriers to practice. Educational & Child Psychology, 27(4), 91–102.

Jayasuriya, A., Williams, M., Edwards, T., & Tandon, P. (2016). Parents’ perceptions of preschool activities: Exploring outdoor play. Early Education and Development, 27(7), 1004–1017. https://doi.org/10.1080/10409289.2016.1156989

Kernan, M., & Devine, D. (2010). Being confined within? Constructions of good childhood and outdoor play in early childhood education and care settings in Ireland. Children & Society, 24, 371–385.

Leggett, N., & Ford, M. (2013). A fine balance : Understanding the roles educators and children play as intentional teachers and intentional learners within the Early Years Learning Framework. Australasian Journal of Early Childhood, 38(4), 42–50.

Leggett, N., & Newman, L. (2017). Play: Challenging educators’ beliefs about play in the indoor and outdoor environment. Australasian Journal of Early Childhood, 42(1), 24–32. https://doi.org/10.23965/AJEC.42.1.03

Little, H., & Eager, D. (2010). Risk, challenge and safety: Implications for play quality and playground design. European Early Childhood Education Research Journal, 18(4), 497–513. https://doi.org/10.1080/1350293X.2010.525949

Lysklett, O. B., & Berger, H. W. (2016). What are the characteristics of nature preschools in Norway, and how do they organize their daily activities? Journal of Adventure Education and Outdoor Learning, 17(2), 95–107. https://doi.org/10.1080/14729679.2016.1218782

Malone, K., & Tranter, P. J. (2003). School grounds as sites for learning: Making the most of environmental opportunities. Environmental Education Research, 9(3), 283–303. https://doi.org/10.1080/13504620303459

Maxwell, L. E., Mitchell, M. R., & Evans, G. W. (2008). Effects of play equipment and loose parts on preschool children’s outdoor play behavior: An observational study and design intervention. Children, Youth and Environments, 18(2), 36–60.

Maynard, T., & Waters, J. (2007). Learning in the outdoor environment: A missed opportunity? Early Years, 27(3), 255–265. https://doi.org/10.1080/09575140701594400

Maynard, T., Waters, J., & Clement, J. (2013). Moving outdoors: Further explorations of ‘child-initiated’ learning in the outdoor environment. Education 3-13, 41(3), 282–299. https://doi.org/10.1080/03004279.2011.578750

McClintic, S., & Petty, K. (2015). Exploring early childhood teachers’ beliefs and practices about preschool outdoor play: A qualitative study. Journal of Early Childhood Teacher Education, 36(1), 24–43. https://doi.org/10.1080/10901027.2014.997844

Ministério da Educação. (2016). Orientações curriculares para a educação pré-escolar. Lisboa, Portugal: Ministério da Educação.

Neto, C. (2005). A mobilidade do corpo na infância e desenvolvimento urbano: Um paradoxo da sociedade moderna. In D. Rodrigues & C. Neto (Eds.), O corpo que (des)conhecemos (pp. 15–30). Lisboa, Portugal: Edições FMH.

Olsen, H., & Smith, B. (2017). Sandboxes, loose parts, and playground equipment: A descriptive exploration of outdoor play environments. Early Child Development and Care, 187(5–6), 1055–1068. https://doi.org/10.1080/03004430.2017.1282928

Portugal, G. (2009). Para o educador que queremos, que formação assegurar? EXEDRA - Revista Científica da Escola Superior de Educação de Coimbra, 1, 9–24.

Pramling-Samuelsson, I., & Pramling, N. (2011). Didactics in early childhood education: Reflections on the volume. In N. Pramling & I. Pramling-Samuelsson (Eds.), Educational encounters: Nordic studies on early childhood didactics (pp. 242–256). Dordrecht, Netherlands: Springer.

Ribeiro, V. (2013). Planeamento para os espaços de jogo e recreio em Vila Nova de Gaia (Dissertação de mestrado não publicada). Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal.

Silverman, J., & Corneau, N. (2017). From nature deficit to outdoor exploration: Curriculum for sustainability in Vermont’s public schools. Journal of Adventure Education and Outdoor Learning, 17(3), 258–273. https://doi.org/10.1080/14729679.2016.1269235

Singer, D. G., Singer, J. L., D’Agostino, H., & DeLong, R. (2009). Children’s pastimes and play in sixteen nations. American Journal of Play, 1(3), 283–312.

Stephenson, A. (2003). Physical risk-taking: Dangerous or endangered? Early Years, 23(1), 35–43.

Thorburn, M., & Allison, P. (2010). Are we ready to go outdoors now? The prospects for outdoor education during a period of curriculum renewal in Scotland. The Curriculum Journal, 21(1), 97–108. https://doi.org/10.1080/09585170903560824

Thorburn, M., & Allison, P. (2013). Analysing attempts to support outdoor learning in Scottish schools. Journal of Curriculum Studies, 45(3), 418–440. https://doi.org/10.1080/00220272.2012.689863

Tremblay, M. S., Gray, C., Babcock, S., Barnes, J., Bradstreet, C. C., Carr, D., … Brussoni, M. (2015). Position statement on active outdoor play. International Journal of Environmental Research and Public Health, 12(6), 6475-6505. https://doi.org/10.3390/ijerph120606475

Vandermaas-Peeler, M., Dean, C., Biehl, M. S., & Mellman, A. (2019). Parents’ beliefs about young children’s play and nature experiences in Danish and US contexts. Journal of Adventure Education and Outdoor Learning, 19(1), 43–55. https://doi.org/10.1080/14729679.2018.1507829

Waite, S. (2009). Outdoor learning for children aged 2-11: Perceived barriers, potential solutions. In ‘Outdoor Education Research and Theory: Critical Reflections, New Directions’ – The Fourth International Outdoor Education Research Conference, (pp. 1-11). La Trobe University, Beechworth, Victoria, Australia, 15–18 April. https://www.latrobe.edu.au/education/downloads/2009_conference_waite.pdf

Waite, S. (2010). Losing our way? The downward path for outdoor learning for children aged 2–11 years. Journal of Adventure Education and Outdoor Learning, 10(2), 111–126. https://doi.org/10.1080/14729679.2010.531087

Weick, K. E. (1976). Educational organizations as loosely coupled systems. Administrative Science Quarterly, 21, 1–19.

Wood, E., & Bennet, N. (2000). Changing theories, changing practice: Exploring early childhood teachers’ professional learning. Teaching and Teacher Education, 16, 635–647.

Downloads

Publicado

2019-12-30

Como Citar

Bento, G., & Portugal, G. (2019). Uma reflexão sobre um processo de transformação de práticas pedagógicas nos espaços exteriores em contextos de educação de infância: Thinking about a transformation process concerning outdoor pedagogical practices in early years settings. Revista Portuguesa De Educação, 32(2), 91–106. https://doi.org/10.21814/rpe.17657

Edição

Secção

Artigos