O que os computadores continuam não conseguindo fazer, 50 anos depois: A aprendizagem sob a perspectiva da fenomenologia do cotidiano de Hubert Dreyfus
DOI:
https://doi.org/10.21814/rpe.23877Palavras-chave:
Cognição, Inteligência Artificial, Corpo, Aprendizagem, EnativismoResumo
O artigo traz uma análise teórico-filosófica de aspectos fundamentais da fenomenologia do cotidiano de Hubert Dreyfus, com o objetivo de contribuir com um olhar filosófico para a aprendizagem para além do processamento de informações. Dreyfus, que em 1972 publicou seu conhecido livro O que os Computadores Não Podem Fazer, fez uma análise da inteligência artificial que torna possível a compreensão da cognição humana para além do cérebro, das representações mentais e da computação, a partir da centralidade da experiência no corpo em acoplamento com o mundo. Com base nas ideias de Dreyfus, argumenta-se que a aquisição de conhecimento não se dá apenas de maneira representacional, computacional, mas depende da experiência desse corpo engajado com o mundo e, ainda, das suas emoções. Demonstra-se que essas ideias têm proximidade com o enativismo, uma nova abordagem à cognição que apresenta uma alternativa ao cartesianismo e faz parte de um arcabouço teórico conhecido como os 4Es da Cognição: Embodied, Embedded, Extended e Enactive, ou Corporificada, Situada, Estendida e Enativa.
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