Crenças dos professores face às medidas de intervenção para promover o sucesso escolar: Que relação com a retenção escolar?
DOI:
https://doi.org/10.21814/rpe.27912Palavras-chave:
Crenças dos professores, Retenção escolar, 1.º Ciclo do Ensino Básico, Promoção do sucesso escolarResumo
Portugal apresenta uma das taxas de retenção escolar mais elevadas na Europa, especialmente no 2.º ano de escolaridade. O uso frequente da retenção sugere que os professores acreditam na sua efetividade apesar dos dados da literatura indicarem que tem efeitos nulos e/ou negativos. O presente estudo procurou compreender as crenças dos professores de 1.º ciclo sobre a efetividade e a dificuldade de implementação de medidas de intervenção utilizadas pelos professores para promover o sucesso escolar no 2.º ano de escolaridade, e como se relacionam com as suas crenças e práticas de retenção escolar. Participaram 273 professores do 1.º ciclo do ensino básico, da Região Autónoma da Madeira, que responderam a um questionário online. Os resultados indicaram que os professores consideram a retenção escolar menos efetiva que outras medidas, mas moderadamente efetiva para a promoção do sucesso escolar. O apoio individualizado e a redução do número de alunos por sala foram consideradas as medidas mais efetivas. Os professores também consideraram a retenção mais fácil de implementar que o acompanhamento familiar e o apoio psicopedagógico. Uma análise de trajetórias indicou que os professores que acreditavam mais na efetividade da retenção e do apoio individualizado e os que consideraram mais difícil a promoção de competências socioemocionais retiveram mais alunos no 2.º ano de escolaridade. Os resultados sugerem a importância do desenvolvimento de estratégias de diferenciação pedagógica, da promoção de competências socioemocionais e do envolvimento da família, que poderão contribuir para reduzir o uso da retenção escolar e promover o sucesso escolar.
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