Repertórios de protesto dos professores em três países da OCDE: Um estudo comparativo em educação

Resumo

Em todo o mundo, as associações de professores têm desempenhado um papel fundamental na participação política dos professores. No entanto, existem, atualmente, vários desafios à ação política dos professores organizados, devido à crise das associações tradicionais, ao impacto dos novos movimentos sociais e a um contexto neoliberal que favorece a ação individual. Neste contexto, realiza-se uma análise de casos comparativa mediante uma abordagem autoetnográfica com o objetivo de resgatar os repertórios de protesto criados pelos professores organizados no Chile, Espanha e Portugal. Os resultados revelam elementos comuns que estão ligados à identificação de uma agenda neoliberal que permeia as manifestações docentes. Consequentemente, o discurso baseado em dados constitui um ponto crítico para o mal-estar e para a resistência dos professores. Além disso, existem diferenças entre estes contextos, relacionadas com a história associativa e com outros movimentos sociais. No Chile, a estética dos movimentos feministas e, em Portugal, o símbolo do cravo vermelho representam novidades para a participação dos professores nas suas associações. Em Espanha, por outro lado, há uma maior influência sindical e, por isso, um quadrado da sua ação em relação à visibilidade do sindicalismo nas manifestações. Discutimos as repercussões desses repertórios sobre os desafios da unidade associativa sindical, que marcaram a história dos sindicatos de professores espanhóis.