Bioética: A Ponte Entre a Prática Clínica e o Ensino Médico

Autores

  • João Pina Unidade de Cuidados Intensivos e Intermédios Polivalente, Hospital do Santo Espírito da Ilha Terceira, Angra do Heroísmo, Portugal

DOI:

https://doi.org/10.25751/rspa.18541

Palavras-chave:

Bioética; Educação Médica; Esgotamento Profissional

Resumo

O autor chama a atenção para a deriva que tem sofrido a arte médica por referência às suas origens vocacionais, procurando dirigir o olhar e o pensamento para aquilo que, de forma explícita ou camuflada,
deliberada ou subliminarmente, parece estar a conduzir ao primado do materialismo e do tecnicismo.

Sob a capa duma Medicina bondosa, por definição, assediando com a ambição e com a arrogância, a corrupção da arte médica, na sua dimensão ética e humanista, está a erodir o ensino e a fidelidade dos novos médicos. Numa tentativa de abranger sob um tema e um conceito todos os factores que merecem uma sinalização no caminho da formação médica recupera o tema da hodegética. O autor, finalmente, concede foros de autonomia ao chamado burnout médico, como causa e consequência duma Medicina que se apresenta fragilizada, vítima do homem em geral e do próprio médico, que consegue ferir fundo a prática clínica e, portanto, o ensino médico. A reflexão apresentada busca inspiração nas metáforas e em pensadores e culturas anteriores ao fenómeno da globalização, cujas doutrinas e linhas de acção social defendem a universalidade do valor da vida humana plena, procurando na sabedoria e na virtude, o caminho
para chegar à felicidade e ao bem-estar final, algo semelhante à eudaimonia, conceito central na ética e na filosofia de Aristóteles. Um Bem onde se entrelaçam a virtude responsável do mestre com a esperança do aprendiz e a solidariedade altruísta do próprio doente.

É neste ambicioso amplexo ético que pretende estabelecer a ponte entre a prática clínica e o ensino médico.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

1. De Waal F. Why Humans and other primates cooperate. Sci Am.2014; 311.
2. Jonas, H. O Princípio Responsabilidade. Lisboa: Contraponto Editora; 2006.
3. Medical Ethics as prescribed by Caraka, Susruta and other ancient Indian physicians. Med Ethics. 1995;3:C1-CIV.
4. Crues RL, Crues SR, Boudreau JD, Snell L e Steinert Y. A schematic representation of the professional identity formation and socialization of medical students and residents: A guide for medical educators. Acad Med. 2015;90:718-25. doi: 10.1097/ACM.0000000000000700.
5. Glazewski M. About usefulness of hodegetic. An attempt to reconstruct and deconstruct an unppreciated category of Herbart’s pedagogics. Kul Wychowanie. 2011; 2:63-74.
6. Sartorius N. Psychiatry and society, 2015. Swiss Arch Neurol Psychiatry Psychotherap. 2016; 167:108-13.
7. Freudenberger HJ. Staff burn-out. J Soc Issues. 1974;30:159-65.
8. Maslach C, Jackson SE. Maslach Burnout Inventory manual. Palo Alto: niversity of California, Consulting Psychologist Press; 1986.
9. Schaufeli WB, Leiter MP, Maslach C. Burnout: 35 years of research and practice. Career Dev Int. 2009;14:204-20.
10. Marôco J, Marôco AL, Leite E, Bastos C, Vazão MJ, Campos J. Burnout em profissionais da saúde portugueses: uma análise a nível nacional. Acta Med Port. 2016;29:24-30.
11. Coetzee N, Maree D, Smit B. The relationship between chronic fatigue sindrome, burnout, job satisfaction, social support and age among academics at a tertiary institution. Int J Occup Med Environ Health. 2019;32:75-85. doi: 10.13075/ijomeh.1896.01274.
12. Gallup (2014). The State of American Schools Report. [accessed Jan 2019] Available from: http://www.gallup.com/services/178709/ state-americaschools-report.aspx.
13. Cooper FB. The literature of medical ethics: a review of the writings of Hans Jonas. J Med Ethics. 1976;2:39-43.

Downloads

Publicado

2019-09-08

Como Citar

Pina, J. (2019). Bioética: A Ponte Entre a Prática Clínica e o Ensino Médico. Revista Da Sociedade Portuguesa De Anestesiologia, 28(3), 181–186. https://doi.org/10.25751/rspa.18541

Artigos mais lidos do(s) mesmo(s) autor(es)

1 2 > >>