A educação experimental: Cartas de Almeida Garrett à filha

Autores

  • Maria Teresa Santos Departamneto de Filosofia - Universidade de ´Évora

DOI:

https://doi.org/10.21814/rpe.25510

Palavras-chave:

Educação experimental, Educação feminina, Correspondência, Garrett

Resumo

O texto apresenta e analisa as cartas privadas de João Baptista de Almeida Garrett (1799-1854) enviadas a sua filha Maria Adelaide, no período em que esta se encontrava como porcionista das Salésias, entre novembro de 1853 e 1854. Trata-se de um conjunto de 40 cartas manuscritas que permaneceram inéditas até à publicação de Correspondência Familiar (2012). Não obstante serem documentos privados de carácter inviolável, quando se lhes autoriza a publicação assumem valor histórico por reconstruírem situações da esfera familiar numa perspetiva informal raramente dada a conhecer. Num estilo direto e despretensioso, as 40 cartas são um genuíno testemunho de amorosidade paterna e um registo do investimento educativo em oitocentos, não comum em Portugal. Daí o seu significado para a literatura pedagógico-política, parca em correspondência doméstica, a que acresce o contributo para compreensão do que se afigura coerente no pensamento liberal português sob influência do romantismo: por um lado, a correlação entre ilustração e civilidade; por outro, o desnivelamento da exigência da educação em função do género. Sabendo-se que Garrett escreveu as cartas 24 anos depois da publicação do livro Da Educação (1829), pergunta-se pela confirmação da coerência ideológica na transição do plano teórico generalizado para o plano prático individualizado.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

REFERÊNCIAS

Adler, M. (1982). The Paideia proposal: An educational manifesto. Macmillan.

Almeida, T. (1787). Methodo para a geografia. Oferecido às religiosas da visitação de Santa Maria de Lisboa. Na Oficina de António Rodrigues Galhardo.

Álvares, F. (1786). Breve compendio de grammatica portugueza para o uso das meninas que se educaõ no Mosteiro da Vizitaçaõ de Lisboa. Por huma religioza do mesmo Mosteiro. Na Oficina de António Rodrigues Galhardo. Beauvoir, S. (1949). Le deuxième sexe (vols. 1 e 2). Gallimard.

Cascão, R. (1993). A vida quotidiana e socialidade. In J. Mattoso (Ed.), História de Portugal (pp. 517-541). Círculo de Leitores.

Colaço, B., & Archer, M. (1999). Memórias da Linha de Cascais. C. M. Cascais e C. M. Oeiras.

Dewey, J. (1938). Experience and education. Collier Books.

Fernandes, R. (1985). Bernardino Machado e os problemas da instrução pública. Livros Horizonte.

Fumaroli, M. (1978). La lettre au XVIIe siècle. Revue d'Histoire Littéraire de la France, 6, 886-905.

Gama, J. (2005). Presença de Kant no panorama filosófico português. Cuadernos Salmantinos de Filosofía, 32, 321-334. http://www.publicaciones.upsa.es

Garrett, A. (1829). Da educação: Cartas dirigidas a uma senhora ilustre encarregada da instituição de uma jovem princesa. Casa de Sustenance e Stretch.

Garrett, A. (1844). Biografia. O Conselheiro J. B. de Almeida Garrett. Universo Pitoresco. Jornal de Instrução e Recreio, 19-21, 298-301, 307-312, 324-328.

Garrett, A. (1848). Memoria historica da excellentissima duqueza de Palmella, D. Eugenia Francisca Xavier Telles da Gama. Imprensa Nacional.

Garrett, A. (2012). Correspondência familiar. Imprensa Nacional-Casa da Moeda.

Lima, H. (1947). A filha de Garrett (Subsídios para a sua biografia). Biblos.

Lobo, F. R. (1992). Corte na aldeia. Introdução, fixação de texto e notas de José Carvalho. Editorial Presença. (original publicado em 1618)

Locke, J. (1693). Some thoughts concerning education. A. and J. Churchill.

Machado, F. (1993). Almeida Garrett e a introdução do pensamento educacional de Rousseau em Portugal. Asa.

Melo, F. (1971). Guia de casados. Editorial Verbo. (original publicado em 1651)

Pessoa, F. (1944). Poesias de Álvaro de Campos. Ática.

Rocha, M. (1995). O Real Colégio das Chagas do Convento das Ursulinas.

Instrução de meninas em Viana 1778-1884 [Dissertação de mestrado, Universidade do Porto].

Rousseau, J.-J. (1961). Émile ou De l' Éducation (1762). Garnier.

Sanches, R. (1922). Cartas sobre a educação da mocidade. Imprensa da Universidade de Coimbra. (original publicado em 1760)

Santos, Z. (2002). Percursos e formas de leitura "feminina" na segunda metade do século XVIII. Revista da Faculdade de Letras: Línguas e Literaturas, 19, 71-110. http://ler.letras.up.pt/site/default.aspx?qry=id04id19&sum=sim

Santos, Z., & Queirós, H. (2012). Letras e gestos: Programas de educação feminina em Portugal nos séculos XVIII-XIX. Via Spiritus: Revista de História da Espiritualidade e do Sentimento Religioso, 19, 59-122. https://ojs.letras.up.pt/index.php/vsp/article/view/3844

Sévigné, M. C. (2017). Recueil des lettres a Mme la marquise de Grignan, sa fille (nouvelle édition augmentée, tome 5). Hachette. (original publicado em 1754)

Teixeira, A. B. (2010). Sentido e valor do direito. Introdução à filosofia jurídica. Imprensa Nacional-Casa da Moeda.

Verney, L. A. (1746). Verdadeiro método de estudar, para ser útil à República e à Igreja: Proporcionado ao estilo, e necesidade de Portugal. Exposto em varias cartas, escritas polo R. P. * * * Barbadinho da Congregasam de Italia, ao R. P. * * * Doutor na Universidade de Coimbra (tomos I e II). Na Oficina de Antonio Balle.

Downloads

Publicado

2023-09-18

Como Citar

Santos, M. T. (2023). A educação experimental: Cartas de Almeida Garrett à filha. Revista Portuguesa De Educação, 36(2), e23033. https://doi.org/10.21814/rpe.25510