Os “profissionais” de educação de adultos e a importância dos contextos de trabalho para o seu processo de aprendizagem e construção de saber: Um processo suficiente?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21814/rpe.28321

Palavras-chave:

Educação de Adultos, “Profissionais”, Aprendizagem e Construção de Saber, Contextos de Trabalho, Descontinuidade Política

Resumo

Não existe, de forma generalizada, a exigência de se ter uma formação académica especializada para se poder trabalhar na educação de adultos. Partindo desta realidade, há uma questão à qual temos procurado responder com base em várias investigações concretizadas ao longo dos anos: como é que aqueles que desenvolvem as suas atividades na educação de adultos aprendem e constroem os saberes necessários para efetuarem as suas funções?  Neste artigo reflete-se sobre o relevo que os contextos de trabalho podem ter nesse processo. Os resultados a que temos chegado apontam quatro grandes dimensões implicadas em tal processo, tendo plena consciência que ele é mais vasto: a formação profissional contínua; a construção e reconstrução da aprendizagem e do saber; a transferência das aprendizagens e do saber, sua circulação e coletivização; e a dimensão temporal da aprendizagem e do saber. Mas, os resultados mostram-nos também que este património construído a espaços é frequentemente destruído, porque não há uma aposta política contínua na educação de adultos. Desta forma é difícil defender que há profissionais da educação de adultos, é difícil falar da existência generalizada de um dos que seria um dos seus traços identitários mais marcantes: um conhecimento, um saber específico que os distinga. Assim, a identidade profissional dos que trabalham na educação de adultos continua a ser ténue e o processo de profissionalização de difícil realização.

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Publicado

2024-04-08

Como Citar

Loureiro, A. P. F. (2024). Os “profissionais” de educação de adultos e a importância dos contextos de trabalho para o seu processo de aprendizagem e construção de saber: Um processo suficiente?. Revista Portuguesa De Educação, 37(1), e24009. https://doi.org/10.21814/rpe.28321