As provas de aferição e a epistemologia da Educação Física
DOI:
https://doi.org/10.21814/rpe.30795Palavras-chave:
Educação Física, Avaliação Externa das Aprendizagens, Provas de Aferição, EpistemologiaResumo
Em Portugal, as provas de aferição foram introduzidas na disciplina de Educação Física com o objetivo de fornecer informações que levem a melhores aprendizagens, o que se traduz em conhecimento novo posto à disposição dos agentes e, por isso, tem implicações na epistemologia da disciplina. Contudo, esse processo está a decorrer sem escrutínio científico, o que é relevante, porque sabemos que as avaliações externas das aprendizagens podem ter efeitos imprevistos e levar a discursos de autoridade ideológica sobre a escola. Assim sendo, importa questionar sobre quais são os discursos que justificam as provas de aferição, qual é a validade e confiabilidade das provas; e quais são as interações entre o conhecimento oferecido pelas provas e as práticas letivas. Para responder, foi implementada uma investigação, inscrita no paradigma interpretativo, na modalidade de estudo de caso instrumental e com abordagem qualitativa, com recurso a análise documental e a análise de conteúdo. Os resultados sugerem que as provas de aferição são implementadas, também, com objetivos de controlo das práticas de Educação Física no 1.º ciclo, de valorização social da disciplina e medem uma parte diminuída das aprendizagens dos alunos, através de processos muito pouco confiáveis. Ainda assim, os resultados são usados para influenciar a generalidade do processo de ensino, o que traduz encobrimento curricular. Conclui-se que as provas suportam a metamorfose epistemológica da Educação Física, do cuidado para o clínico, do sentido para o dever, do jogo para a repetição e da coevolução para a linearidade.
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