“Somos livres, somos livres, não voltaremos atrás…”: A autonomia dos/as alunos/as no ensino secundário português
DOI:
https://doi.org/10.21814/rpe.38280Palavras-chave:
Política educativa, Escola e gestão democrática, Autonomia escolar e dos/as alunos/as, Participação dos/as alunos/as, Democracia no ensino secundárioResumo
No campo da administração educacional, observámos os discursos político-educativos em relação aos processos democráticos e à autonomia nas escolas públicas secundárias, no ano de celebração dos 50 anos da Revolução de Abril, da conquista da liberdade e de um governo democrático em Portugal. Um dos propósitos será compreender por onde anda a autonomia dos/as alunos/as nestas escolas e, para tal, mobilizar-se-ão 3.494 respostas de alunos/as do ensino secundário a um inquérito por questionário sobre a autonomia e voz dos/as alunos/as, aplicado a nível nacional, partindo-se do debate da democracia na escola (Dewey, 1916), do esforço de democratização do ensino (Grácio, 1971), de modo a (re)conhecer contributos para a consolidação, ou não, de uma gestão democrática da escola (Lima, 2018) e uma maior autonomia da escola e dos/as alunos/as (Ferreira, 2004, 2012). Percebe-se, por um lado, que os/as alunos/as procuram participar nas decisões, desenvolver a sua autonomia e intervir nos assuntos e na vida das suas escolas, apesar das desigualdades provocadas pelos contextos sociais e culturais destes/as alunos/as. Por outro lado, os/as alunos/as identificam lacunas em relação às possibilidades e incentivos a esta autonomia e participação, que se poderiam gerar no interior das escolas, enquanto espaço de experiência e experimentação democrática (Biesta, 2016; Dewey, 1916) e de maior diálogo e liberdade dos/as alunos/as (Sousa & Ferreira, 2024a, 2024b, 2024c).
Downloads
Referências
Afonso, A. J. (2010). Gestão, autonomia e accountability na escola pública portuguesa: breve diacronia. Revista Brasileira de Política e Administração da Educação, 26, 13-30. https://doi.org/10.21573/vol26n12010.19678.
Albuquerque, A., Seabra, T. & Martins, S. C. (2022). Seletividade social na escola básica portuguesa: dinâmicas, condições e políticas (2008-2018). Análise Social, 3, 520-543. https://doi.org/10.31447/as00032573.2022244.04.
Antunes, F. (2018). Formar uma elite ou educar um povo? Quarenta anos de ensino secundário em democracia. Sociologia, Problemas e Práticas, 89. https://doi.org/10.7458/spp2019898702.
Apple, M. W., & Beane, J. A. (1995). Democratic schools. Association for Supervision and Curriculum Development.
Barroso, J. (1996). O estudo da autonomia da escola: da autonomia decretada à autonomia construída. In João Barroso (Ed.), O estudo da Escola (pp. 167-189). Porto Editora.
Barroso, J. (1997). Autonomia e Gestão das Escolas. Ministério da Educação.
Barroso, J. (2017). Centralização, descentralização, autonomia e controlo: a regulação vitruviana. In Licínio Lima & Virgínio Sá (Eds.), O Governo das escolas: Democracia, controlo e performatividade (pp. 23-40). Edições Húmus.
Biesta, G. (2016). Beyond learning: democratic education for a human future. Routledge.
Bourdieu, P. (1979). As estratégias de reconversão: as classes sociais e o sistema de ensino. In Educação e hegemonia de classe: as funções ideológicas da escola (pp. 105-176).
Bourdieu, P. & Passeron, J. (1972). A Reprodução: Elementos para uma teoria do sistema de ensino. Editorial Vega.
Carvalho, T. (2014). Modernidade, classes sociais e cidadania política: Portugal sob um olhar internacional. Análise Social, XLIX, 650-674.
Ceballos-Lopez, N., Calvo-Salvador, A., & Haya-Salmon, I. (2019). Student consultation strategies as a lever for school improvement. Results of a collaborative study. Cultura Y Educacion, 31(4), 780-813. https://doi.org/10.1080/11356405.2019.1656937.
Constituição da República Portuguesa, de 10 abril. Diário da República, Série I. https://diariodarepublica.pt/dr/legislacao-consolidada/decreto-aprovacao-constituicao/1976-34520775.
Costa, A. F. (2015). Desigualdades Sociais Contemporâneas. Editora Mundos Sociais.
Decreto-Lei nº 769-A/76, de 23 outubro. Diário da República, Série I. https://diariodarepublica.pt/dr/ detalhe/decreto-lei/769-a-1976-233694.
Decreto-Lei n.º75/2008, de 22 abril. Diário da República n.º 79, Série I. https://diariodarepublica.pt/dr/detalhe/ decreto-lei/75-2008-249866.
Decreto-Lei n.º85/2009, de 27 agosto. Diário da República n.º 166, Série I. https://diariodarepublica.pt/dr/detalhe/lei/85-2009-488826.
Despacho n.º 6478/2017, de 26 julho. Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória. Diário da República, n.º 143, Série II. https://www.dge.mec.pt/sites/default/files/Curriculo/Projeto_Autonomia_e_Flexibilidade/perfil_dos_alunos.pdf
Dewey, J. (1916). Democracy and Education: An Introduction to the Philosophy of Education. Macmillan.
Gama, M. J. (2003). Contra o Mito da "Geração rasca": As vozes de estudantes do 12.º ano do ensino regular público. Ministério da Educação.
Grácio, R. (1971). Democratização do Ensino. Seara Nova, 1512, 10-12.
Grácio, R. (1981). Educação e Processo Democrático. Livros Horizonte.
Justino, D. & Santos, R. (2017). Atlas da Educação - Contextos sociais e locais de sucesso e insucesso. CICS.NOVA-EPIS.
Kerr, D. (2002). Devoid of Community: examining conceptions of autonomy in education. Educational Theory, 52, 13-25. https://doi.org/10.1111/j.1741-5446.2002.00013.x.
Lei n.º 46/86, de 14 outubro. Diário da República n.º 237, Série I. https://diariodarepublica.pt/dr/detalhe/lei/46- 1986-222418.
Lima, L. (2012). Elemento de hiperburocratização da administração educacional. In Carlos Lucena e João dos Reis Silva Júnior (Ed.), Trabalho e Educação no Século XXI: experiências internacionais (pp. 129-158). Xamã.
Lima, L. (2014). A gestão democrática das escolas: do autogoverno à ascensão de uma pós-democracia gestionária? Educação & Sociedade, 35, 1067-1083.
Lima, L. (2018). Democracia, participação e autonomia: Sobre a direção das escolas públicas. Revista de Administração e Emprego Público, 4, 31-56.
Lima, L. (2021). Democracia e educação: Dewey em tempos de crise da educação democrática. Arquivos Analíticos de Políticas Educativas, 29, 1-16. https://doi.org/10.14507/epaa.29.5881.
Mager, U. & Nowak, P. (2012). Effects of students participation in decision making at school. A systematic review and synthesis of empirical research. Educational Research Review, 7, 38-61.
Matos, M. (2013). JOVALES: Jovens, Alunos, Ensino Secundário. CIIE/Livpsic.
Maxcy, B., & Nguyen, T. (2013). The Case of Rivera Elementary School: The Politics of Collaboration. Journal of Cases in Educational Leadership, 16(3), 47-61. http://dx.doi.org/10.1177/1555458913498478.
Melville, W., Kerr, D., Verma, G., & Campbell, T. (2018). Science Education and Student Autonomy. Canadian Journal of Science, Mathematics and Technology Education, 18(2), 87-97. https://doi.org/10.1007/s42330-018-0011-6.
Perrenoud, P. (1995). Ofício de Aluno e Sentido do Trabalho Escolar. Porto Editora.
Quintelier, E. & Hooghe, M. (2013). The Impact of Socio-economic Status on Political Participation. In Democracy in Transition (pp. 273-289). https://doi.org/10.1007/978-3-642-30068-4_14.
Rodriguez, M., Kohen, R., Delval, J., & Messina, C. (2016). From democratic school to civic and political participation. Cultura Y Educacion, 28(1), 99-129. https://doi.org/10.1080/11356405.2015.1120449.
Sant, E. (2019). Democratic Education: A Theoretical Review (2006–2017). Review of Educational Research, 89(5), 655-696. https://doi.org/10.3102/0034654319862493.
Sippy, E. & Belin, R. (2020). Students as Education Partners: Kentucky Student Team Bridges School Policy and Practice. Learning Professional, 41(1), 20-23.
Stoer, S. (1986a). Educação e Mudança Social em Portugal: 1970-1980, uma década de transição. Edições Afrontamento.
Stoer, S. (1986b). Formar uma élite ou educar um povo? O Jornal da Educação, 8.
Sussman, A. (2015). The Student Voice Collaborative: An Effort to Systematize Student Participation in School and District Improvement. Teachers College Record, 117(13), 119-134.
Weber, M. (1978). Economy and society: An outline of interpretive sociology. University of California Press.
Yonezawa, S. & Jones, M. (2009). Student Voices: Generating Reform from the Inside Out. Theory Into Practice, 48(3), 205-212. https://doi.org/10.1080/00405840902997386.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Secção
Licença
Direitos de Autor (c) 2025 Inês Sousa, Elisabete Ferreira

Este trabalho encontra-se publicado com a Licença Internacional Creative Commons Atribuição-CompartilhaIgual 4.0.
1. Autores conservam os direitos de autor e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution 4.0 CC-BY-SA que permite a partilha do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista;
2. Autores e autoras têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: depositar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista;
3. Autores e autoras têm permissão e são estimulado/as a publicar e distribuir o seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal), já que isso pode aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons - Atribuição Compartilhamento pela mesma Licença Internacional 4.0














