Fazendo covas na areia: Desaprender para aprender, movimentos decoloniais na Educação Matemática

Autores

  • Michela Tuchapesk da Silva FEUSP
  • Carolina Tamayo Universidade Federal de Minas Gerais-UFMG

DOI:

https://doi.org/10.21814/rpe.24272

Palavras-chave:

Mancala, Decolonialidade, Epistemologia Africana, Jogos de linguagem, Etnomatemática

Resumo

Este artigo tem como propósito levantar debates mobilizando a mancala como prática social e não como um jogo, no sentido de decolonizar concepções extrativistas do conhecimento africano que têm sido geradas pelo uso da epistemologia eurocêntrica como padrão de correção de todas as práticas do mundo. Deste modo, propomos olhar para a mancala como um tipo de jogo de linguagem nos aproximando da filosofia do segundo Ludwig Wittgenstein, isto é, como parte de um exercício terapêutico-gramatical-decolonial de modo a construir outros “mundos possíveis”, formas outras de educar em diálogos afrodiaspóricos, que possibilitem tensionarmos a imposição do olhar eurocêntrico sobre as práticas africanas. Para isto, partimos da compreensão de que há conhecimentos matemáticos que se manifestam de diferentes maneiras em todas as culturas e da importância do desprendimento epistemológico para possibilitar diálogos entre formas de vida.

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Publicado

2022-06-30

Como Citar

Silva, M. T. da ., & Tamayo, C. (2022). Fazendo covas na areia: Desaprender para aprender, movimentos decoloniais na Educação Matemática. Revista Portuguesa De Educação, 35(1), 167–188. https://doi.org/10.21814/rpe.24272

Edição

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Artigos