Perform, repeat, react: performance criticism and contemporary political rationalities
DOI:
https://doi.org/10.51427/cet.sdc.2018.0004Palavras-chave:
Pós-verdade, Performance, Crítica política, Esfera pública, Crítica de Artes PerformativasResumo
Michael Gove, um dos principais rostos da campanha Vote Leave (do referendo sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia), disse recentemente que "as pessoas, neste país, estão fartas de especialistas". Segundo o jornalista Henry Mance, num artigo para o Financial Times, a incapacidade de Gove demonstrar, economicamente, o seu argumento de que o Reino Unido enviava semanalmente 350 milhões de libras para a União Europeia era a prova de que as políticas de "pós‑verdade" já tinham penetrado no Reino Unido. A expressão "políticas de pós‑verdade" assenta numa era contemporânea em que a fraude é moeda de troca transparente e poderosa, a nível tanto fiscal como político; expõe a precariedade do sentido, em que as estruturas que legitimam e que, por vezes, legislam os factos e sua circulação se tornaram fluidas. As políticas de "pós‑verdade" evidenciam também um paradoxo: por um lado, a necessidade crescente de recorrer a especialistas, a sustentações intelectuais, ao envolvimento crítico e político que permitam que a diferenciação ocorra para e com o público; por outro, o cepticismo face à singularidade e autonomia desses especialistas, temendo‑se a sua corrupção, amarrada a formas de subjectividade em que as fronteiras entre o público e o privado, entre os factos e a ficção se tornam difíceis de discernir.
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