A fúria escancarada da memória
DOI:
https://doi.org/10.51427/cet.sdc.2021.0011Palavras-chave:
Dança Contemporânea, Memória, A-memória, Não-Memória, DramaturgiaResumo
Neste texto pretendo abordar a questão da memória como eixo central desta obra de Rodrigues, articulando-a com o esquecimento e as negações da história. Tal articulação leva às noções de "sem memória" e "memória discursiva" (Robin/Paveau, 2013). Fúria fala sem rodeios da memória de um país que cultiva mal, documenta e reflecte sobre a sua história, com base numa construção dramatúrgica que mostra as tensões que emergem de tal ausência. Violência, solidão, medo, opressão, preconceito, racismo, beleza, sedução, cumplicidade e confiança, emergem em cena num caminho histórico. Construção épica e desmontagem de um desfile, a obra cria imagens metafóricas numa espécie de espiral alucinante. O espectáculo, com direito ao seu título, expõe as inúmeras feridas de uma sociedade em risco. Aqui podemos perceber todas as personagens desta história - passado, presente e futuro potencial - tão esquecidas e negligenciadas. Nobres colonos europeus, escravos, imagens mitológicas, políticos, moradores de rua, prostitutas, referências ao dinheiro, ao poder e ao sexo. Embora Fúria faça um retrato impiedoso do momento actual do Brasil, parece evidente que não está apenas a falar desta sociedade sul-americana, mas de toda uma sociedade capitalista ocidental em profunda crise e em alerta urgente.
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