A classe importa
Classe social e educação de adultos
DOI:
https://doi.org/10.25749/sis.34825Palavras-chave:
classe social, educação de adultos, interseccionalidade, desigualdade, reprodução social, mudança socialResumo
Ao longo dos últimos sessenta anos, as classes sociais e a análise das classes sociais têm merecido destaque na investigação em educação em muitos países e em diferentes contextos institucionais educativos. Nestas discussões recorreu-se a diversas abordagens teóricas, como a weberiana, a marxista, a durkheimeniana, etc. Estes debates abordaram questões de poder na educação na reprodução e perpetuação de desigualdades sociais ligadas a dimensões de classe. Historicamente, o conceito de classe social tem beneficiado de outras abordagens na investigação e na análise das práticas da educação de adultos, com maior enfoque atribuído à agência e à experiência vivida. Esta ligação decorre da influência da educação de adultos de cariz crítico e radical nas instituições e na pedagogia em alguns países, como no caso do Reino Unido e da Workers Educational Association (Associação Educacional dos Trabalhadores) e da Escandinávia, no caso do movimento das escolas superiores populares e , assim como da América Latina no caso da educação popular. Estes casos estiveram ligados aos movimentos sociais democráticos e socialistas, que promoveram a solidariedade e a transformação social (embora entendidas de formas muito variadas). Em grande medida, as preocupações destas abordagens desapareceram ou, pelo menos, foram reconfiguradas. A investigação sobre a classe social também reconhece cada vez mais que a classe não existe isoladamente, mas cruza-se com outras formas de desigualdade, como o género e a raça. Igualmente importante, diversos estudos indicam que, embora as relações de classe e a política estejam a mudar, as classes ainda são importantes. No entanto, embora possam ser encontrados estudos sobre a experiência da classe trabalhadora e outros sobre desigualdade na educação de adultos contemporânea, é impressionante como raramente a classe é colocada em primeiro plano. Complementarmente, os estudos sobre a educação de adultos estão desligados dos novas pesquisas sobre classe nas ciências sociais. Esta edição especial tem como objetivo fomentar a discussão e o debate acerca destes temas.
Downloads
Referências
Anthias, F. (2005). Social stratification and social inequality: models of intersectionality and identity. In F. Devine et al., Rethinking Class, Cultures, Identities and Lifestyles (pp. 24-45). Palgrave MacMillan.
Bernstein, B. (1971). Class, codes and control. Routledge and Kegan Paul.
Bourdieu, P. (1971). Systems of education and systems of thought. In M. Young (Ed.), Knowledge and social control: New directions for the sociology of education (pp. 189-207). Collier Macmillan.
Bowles, S., & Gintis, H. (1976). Schooling in capitalist America: educational reform and the contradictions of economic life. Basic Books.
Brown, P., Lauder, H., & Cheung, S. Y. (2020). The death of human capital? Its failed promise and how to renew it in an age of disruption. Oxford University Press.
Courtois, A. (2018). Elite Schooling and Social Inequality: Privilege and Power in Ireland's Top Private Schools. Palgrave MacMillan.
Finnegan, F. (2023). A many-splendored thing? Transformative learning for social justice. New Directions for Adult and Continuing Education. 177, 119-133. https://doi.org/10.1002/ace.20483
Friedman, S., & Laurison, D. (2019). The Class Ceiling: Why it Pays to be Privileged. Policy Press.
Giroux, H. A. (1983). Theory and resistance in education: a pedagogy for the opposition. Heinemann Educational.
Goldthorpe, J. H. (1996). Class Analysis and the Reorientation of Class Theory: The Case of Persisting Differentials in Educational Attainment. The British Journal of Sociology, 47(3), 481-505.
Lareau, A. (1987). Social Class Differences in Family-School Relationships: The Importance of Cultural Capital. Sociology of Education, 60(2), 73-85.
Nesbit, T. (Ed) (2005). Class Concerns: Adult education and social class. New Directions in Adult and Continuing Education, 106, 1-114.
Nylander, E., & Fejes, A. (2019). Mapping out the Research Field of Adult Education and Learning. Springer.
Pahl, K. E. (1998). ‘Is the Emperor Naked’? International Journal of Urban and Regional Research, 1(93), 711-7303.
Sayer, A. (2015). Why we can’t afford the rich. Policy Press.
Shavit, Y., & Blossfeld, H.-P. (1993). Persistent inequality: changing educational attainment in thirteen countries. Westview Press.
Standing, G. (2009). Work after globalization: building occupational citizenship. Edward Elgar.
Stevenson, N. (2023). Class. Routledge.
Willis, P. E. (1977). Learning to labour: how working class kids get working class jobs. Saxon House.
Downloads
Publicado
Edição
Secção
Licença
Direitos de Autor (c) 2024 Sisyphus – Revista de Educação
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by-nc/4.0/88x31.png)
Este trabalho encontra-se publicado com a Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0.
O Copyright (c) pertence à Sisyphus – Journal of Education. No entanto, encorajamos que os artigos publicados na revista sejam publicados noutros lugares, desde que seja solicitada a autorização da Sisyphus e os autores integrem a nossa citação de fonte original e um link para o nosso site.
Política de auto-arquivo
É permitido aos autores o auto-arquivo da versão final publicada dos seus artigos em repositórios institucionais, temáticos ou páginas web pessoais e institucionais.
Subscritor DORA
O Instituto de Educação da Universidade de Lisboa, editor da Sisyphus, é um dos subscritores da Declaração de São Francisco sobre Avaliação da Investigação (DORA).