O VALOR ECONÓMICO DO CICLOTURISMO: REVISÃO
DOI:
https://doi.org/10.25746/ruiips.v7.i2.19295Palavras-chave:
cicloturismo, ciclismo, impacto económico, EuropaResumo
Os mais recentes dados publicados confirmam que o cicloturismo está em crescimento e o seu impacto económico anual ronda os 55 biliões de euros, estando a tornar-se num instrumento de desenvolvimento do território, através da diversificação da oferta turística e proporcionando a criação de novos empregos. Este desenvolvimento tem levado muitos países a estudar o impacto económico deste tipo de turismo (Mercat et al., 2011; Weston et al., 2012; Neun et al., 2016; Flusche, 2012; Rajé et al., 2016).
Com o objetivo de ficar a conhecer melhor esta realidade, realizámos uma revisão de estudos onde foram incluídos trabalhos científicos, relatórios estatísticos e artigos de revisão de literatura, publicados a partir de 2008 e usando para a pesquisa através do Google Académico as palavras chave “touring cycling”, “cycling” e “economic impact”.
Os dados analisados confirmam um impacto económico anual do cicloturismo na Europa de 44 biliões de euros, com a Alemanha a liderar a lista dos países da Europa com maior número de cicloturistas, com um retorno económico de 2030 milhões de euros (Weston et al. 2012). Em França, o segundo maior destino de cicloturismo da Europa, em 2011 foram criados 16 500 novos empregos (Weston et al., 2012). Num estudo de 2016, o EU Cycling Economy estimou que em termos globais o ciclismo na União Europeia contribui com um benefício económico de 513 biliões de euros (Neun et al., 2016).
Mas este fenómeno não é exclusivo da Europa. Nos últimos anos, em vários estados americanos têm sido monitorizados os benefícios económicos do ciclismo e do cicloturismo e observaram e os resultados mostram que os americanos gastam anualmente 67 biliões de euros em despesas diretamente relacionadas com o cicloturismo (OIA, 2017) e a todos os negócios ligados ao ciclismo contribuem anualmente para a economia dos Estados Unidos com cerca de 110 biliões de euros e gera quase 1,1 milhões de empregos (Flusche, 2012). O crescimento do uso da bicicleta também está a ter um enorme impacto na indústria das bicicletas. Graças ao cicloturismo, a indústria da bicicleta na Europa fatura anualmente 5.5 biliões de euros na Europa (Palós et al. 2014) e 4,8 biliões de euros nos Estados unidos (Flusche, 2012).
No que se refere ao retorno dos investimentos, vários estudos referem que os investimentos em infraestruturas para a bicicleta são rapidamente amortizados (Zovko, 2013; Weston, 2012).
Os dados analisados revelam que o cicloturismo é um setor em crescimento, com um enorme impacto na economia nos países onde as condições para o cicloturismo estão mais desenvolvidas. O cicloturismo tem um maior impacto na economia local do que o turismo convencional, com particular vantagem para as regiões onde o turismo é residual ou inexistente, criando novos postos de trabalho e ajudando a fixar a população local, com investimentos relativamente baixos (Weston, 2012; Mercat, 2009).
Portugal, devido à sua geografia, património histórico e cultural e clima ameno, tem um enorme potencial para se tornar um dos principais destinos de cicloturismo da Europa. Mas para isso é necessário fazer alguns investimentos e implementar medidas que tornem o nosso país “bike friendly”, nomeadamente e como é sugerido pelo estudo de Weston et al. (2012), desenvolver uma rede de ciclovias e respetivas infraestruturas de apoio ao cicloturista, melhorar a coordenação e cooperação entre governantes e prestadores de serviços, e aumentar a eficácia da promoção e do marketing.
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