Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono e complicações respiratórias pós-operatórias
DOI:
https://doi.org/10.25751/rspa.3558Palavras-chave:
Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono, STOP-BANG, Cirurgia, Complicações Pós-operatóriasResumo
Introdução: A Síndrome de Apneia Obstrutiva do Sono, tem sido reconhecida como um potencial fator de risco independente para “outcomes” perioperatórios adversos. O inquérito STOP-BANG (“snore”, “tired”, “observed apnea”, “arterial pressure”, “body mass índex”, “age”, “neck circunference” and ”gender”) pode prever o risco de um doente apresentar Síndrome de Apneia Obstrutiva do Sono. O objetivo deste trabalho foi estudar a incidência de doentes com pontuação STOP-BANG≥3 e avaliar a sua associação com eventos respiratórios adversos pós-operatórios.
Métodos: Estudo prospetivo, observacional, que decorreu na Unidade de Cuidados Pós-operatórios Anestésicos do Centro Hospitalar São João, Porto, durante o período de 18 de junho a 12 de julho de 2012. Duzentos e quarenta e dois doentes foram admitidos e 215 cumpriam os critérios de inclusão. Foi obtido consentimento informado de todos os doentes. Todos os doentes completaram o questionário STOP e obteve-se informação sobre o índice de massa corporal, idade e perímetro do pescoço e sexo (BANG). Foi utilizada estatística descritiva para apresentar os dados e o teste de Mann-Whitney, qui-quadrado ou de Fisher em comparações. Foi efetuada uma análise multivariada com uma regressão logística binária.
Resultados: A incidência de doentes com STOP-BANG≥3 foi de 51%. Estes doentes apresentaram uma idade superior (mediana 64 anos versus 43 anos, p <0.001), um IMC mais elevado (mediana 27,7% versus 25,7%, p<0,001) e eram mais frequentemente do sexo masculino (68% versus 48%, p<0,001). Este grupo de doentes apresentou ainda um estado físico ASA mais elevado (ASA III, IV ou V 32% versus 15%, p<0,004), pontuação de RCRI mais elevada (8% versus 0% para RCRI>2, p<0,002), tendo prevalência superior de doença cardíaca isquémica (15% versus 0%, p<0,001), patologia cardíaca congestiva (5% versus 0%, p꞊0.017), diabetes insulinotratada (25% versus 7%, p<0.001), hipertensão arterial (75% versus 21%, p<0.001), dislipidemia (55% versus 13%, p<0.001) e doença pulmonar obstrutiva crónica (12% versus 3%, p꞊0.011). Estes doentes apresentaram mais eventos respiratórios adversos (24% versus 10%, p꞊0.011); tiveram uma incidência mais elevada de bloqueio neuromuscular residual (22% versus 15%, p꞊0.021) e um tempo de internamento hospitalar superior (mediana de 7 versus 4 dias, p=0.005). Na análise de regressão logística múltipla, a doença pulmonar obstrutiva crónica foi considerada um preditor independente para eventos adversos respiratórios.
Conclusões: Doentes com STOP-BANG≥3 apresentam uma incidência importante dentro da população de doentes submetida a cirurgia eletiva, no nosso hospital; tendo mais co-morbilidades e mais complicações pós-operatórias.
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