Políticas em Circulação:
Reconfigurando as Geografias da Comparação, Aprendizagem e Intercâmbio Urbanos
DOI:
https://doi.org/10.18055/Finis40652Resumo
Situar este Número Especial exige que nos apoiemos em conexões relacionais e pensemos através de outros lugares. Leva-nos, fundamentalmente, de volta a alguns anos atrás, a uma série de centros de convenções, salas de conferências de hotéis e a um pequeno restaurante no centro de Denver, Colorado – a cidade anfitriã do Encontro Anual da Associação Americana de Geógrafos (AAG) de 2023. Enquanto fórum globalmente reconhecido de intercâmbio intelectual, o Encontro Anual da AAG reúne milhares de geógrafos e académicos de disciplinas afins para debater, gerar ideias inovadoras e repensar teorizações e táticas para compreender as complexidades dos processos espaciais do século XXI e as suas trajetórias.
Estas preocupações intelectuais materializaram-se na organização de uma sessão temática intitulada “Competitividade Urbana e Mobilidades de Políticas Urbanas: Repensando as Narrativas Norte-Sul”. Como é frequentemente o caso em conferências académicas, as discussões e trocas estenderam-se para além dos espaços oficiais do Encontro da AAG – para pausas para café, encontros informais e refeições partilhadas em restaurantes locais –, com organizadores e apresentadores a socializar e a trocar cartões de contacto, e-mails e ideias nos meses seguintes (Craggs & Mahony, 2014; Ward, 2024a). Em particular, a nossa sessão e os seus momentos informais mostraram-se especialmente férteis e bem alinhados com os debates geográficos emergentes sobre a construção dos futuros das políticas urbanas (Baker & Temenos, 2015; McCann & Ward, 2013; Silva & Ward, 2024) e a mudança intelectual mais ampla para abordagens mais globais, particularizadas e provinciais nos estudos sobre formulação de políticas urbanas (Addie, 2020; Leitner & Sheppard, 2016; Peck, 2017; Robinson, 2015a, 2022).
Grande parte da lógica por trás da organização desta sessão partiu da suposição de que os decisores políticos do século XXI vivem e governam num tempo de políticas em movimento acelerado (Baker & Walker, 2019). De facto, os decisores políticos tornaram-se “altamente adeptos da partilha e adaptação de novas inovações por conta própria, acelerando a difusão de boas ideias e acelerando a aprendizagem global [de políticas]” (United Nations Human Settlements Programme [UN-HABITAT], 2020, p. 205). Embora seja discutível se estas práticas são realmente novas, é inegável que aqueles interessados no estudo dos processos de formulação de políticas – geógrafos urbanos, antropólogos políticos ou cientistas políticos – estão agora a experienciar “uma tempestade perfeita de crises globais” (Hartley et al., 2019, p. 164) ou um contexto de “policrise” (Organisation for Economic Co-operation and Development [OECD], 2023, p. 9), resultando numa série de disrupções económicas, políticas e sociais. Alterações climáticas, degradação ambiental, crises económicas, choques habitacionais e, claro, crises sanitárias são apenas alguns exemplos, muitos dos quais emergiram no programa da nossa sessão e nas discussões subsequentes, tanto em apresentações formais como em trocas informais durante pausas para café, e-mails e conversas após o encerramento da conferência.
Este Número Especial é, portanto, um produto de múltiplos “aquis”, “alhures” e “tempos”. No seu cerne, reúne uma seleção de artigos e apresentações feitas dentro e fora dos espaços da conferência no centro de Denver durante o Encontro Anual da AAG de 2023, onde Cristina Temenos (University of Manchester) desempenhou um papel central como comentadora convidada. Simultaneamente, encapsula uma série de contribuições relevantes que surgiram fora de Denver, a partir de uma chamada aberta lançada durante a construção deste Número Especial. Em conjunto, estas contribuições inscrevem-se confortavelmente nos debates recentes e ainda em evolução na geografia urbana e disciplinas afins, sob a bandeira dos estudos sobre mobilidades de políticas urbanas (Baker & Temenos, 2015; McCann & Ward, 2013). No entanto, para além disso, elas apontam para novos contributos e para uma agenda de investigação substancial que argumenta a favor de uma reformulação conceptual e ontológica e de uma investigação empírica renovada dentro dos estudos sobre mobilidades de políticas, oferecendo um potencial significativo para avançar, expandir e renovar a compreensão de aspetos-chave do mundo da formulação de políticas no século XXI (Robinson, 2015b; Silva & Ward, 2024; Ward, 2024a).
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