O envolvimento familiar no processo de decisão dos jovens à saída do 9º ano.
DOI:
https://doi.org/10.25755/int.293Palavras-chave:
Processo de tomada de decisão, Envolvimento familiar, Projecto vocacional, Construção de identidade.Resumo
A influência familiar nos projectos escolares e profissionais dos jovens pode fazer-se sentir de várias formas: transmitindo valores e informações sobre as profissões, actuando como modelo ou impondo uma profissão. Tem, em todo o caso, um papel inquestionável enquanto estruturante das decisões do adolescente, razão pela qual não pode deixar de ser equacionado na análise do processo de decisão vocacional.O presente artigo incide sobre um dos momentos que considero mais problemáticos na vida escolar dos alunos e respectivas famílias – o momento em que é necessário escolher uma área de estudos que dará (ou não) acesso a um curso superior e/ou uma profissão.
Com o trabalho de campo que desenvolvi, procurei aceder às diferentes racionalidades presentes nas decisões relativas à continuidade do percurso escolar e/ou profissional, a partir do 10º ano, mas também analisar a “unidade de decisão”, isto é a participação (mais do que influência) de outros actores sociais: professores, orientadores, amigos e familiares. O processo de decisão surge, nesta perspectiva, como um produto social, fruto de constrangimentos vários: representações, vocações e expectativas, por um lado, mas também da pressão familiar, do “seguir os amigos”, da “proximidade de uma escola” ou simplesmente da “fuga a uma disciplina.”
Mais do que explicar o processo de decisão dos alunos, procurei compreender a forma como este se desenvolve em cada caso, compreender o modo como os jovens e as famílias lidam com a tarefa identitária, que sentido lhe atribuem e, neste sentido, quais as representações que fazem do meio que os rodeia.
Nesta perspectiva, realizei entrevistas em profundidade aos alunos e respectivas famílias, mas recorri também à realização de dois questionários a um conjunto de turmas do 9º ano de três escolas do 3º Ciclo do Ensino Básico (3º CEB) da região de Leiria. O primeiro, administrado durante o mês de Fevereiro de 2002, permitiu-me um primeiro diagnóstico da situação em que se encontravam os alunos relativamente às suas decisões e, neste sentido, funcionou como uma forma de aproximação ao terreno. O objectivo foi confrontá-lo com um segundo questionário, realizado no final do ano lectivo, a fim de analisar a evolução registada no que diz respeito às intenções de escolha. Acima de tudo, daqui resultou a selecção do conjunto de alunos a estudar com maior profundidade, constituindo um grupo onde procurei que a diversidade endógena (sócio-cultural) estivesse contemplada.
Foi junto deste grupo que procurei uma abordagem fenomenológica, onde as entrevistas com os alunos e respectivas famílias assumiram especial relevo. O texto que se segue recai essencialmente sobre esta dimensão qualitativa da investigação, pelo que a par de uma fundamentação teórica invocarei os testemunhos dos actores envolvidos, em especial, aqueles que reflectem a influência familiar no processo de decisão vocacional.
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Publicado
2006-03-02
Como Citar
Faria, S. (2006). O envolvimento familiar no processo de decisão dos jovens à saída do 9º ano. Revista Interacções, 2(2). https://doi.org/10.25755/int.293
Edição
Secção
Número 2 - Pluralidade de olhares sobre escolas e famílias e suas intra e inter-relações.
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