Resiliência familiar face à doença e incapacidade
DOI:
https://doi.org/10.29352/mill0218e.40262Palavras-chave:
sistema familiar; resiliência; doença; promoção da saúdeResumo
Introdução: A resiliência familiar é um processo complexo, que pode exercer um papel protetor da saúde no enfrentamento de acontecimentos stressantes, como a doença.
Objetivo: Analisar processos de resiliência familiar construídos na vivência de uma situação de doença e/ou incapacidade.
Métodos: Estudo qualitativo, descritivo e exploratório, com recurso à entrevista e análise temática. Participaram 7 indivíduos adultos, selecionados por snowball, que vivenciaram em família situações como paraplegia, malformação congénita, asma grave, AVC e demência. O mapa temático suportou-se na concetualização de resiliência familiar de Froma Walsh.
Resultados: A vivência da doença gerou inicialmente, no sistema familiar, sofrimento psicológico e físico, dependência, conflitos e a perceção de cuidados omissos (pouca empatia profissional). Os processos-chave de resiliência familiar envolverem crenças positivas (espiritualidade, aceitação), padrões de organização (apoio de profissionais/amigos) e a comunicação (abertura familiar à partilha de sentimentos). As famílias também experienciaram uma transformação, com ganhos e fragilidades, assumindo ainda expectativas futuras.
Conclusão: Na ótica dos entrevistados, as suas famílias revelaram capacidade de adaptação positiva e de transformação perante as situações de doença, rumo ao funcionamento saudável. O facto de reconhecerem aos profissionais de saúde importância face à construção dos seus processos de resiliência, ainda que nem sempre tenham sido presentes, antecipa a necessidade de uma melhor compreensão da temática e de intervenções sensíveis às necessidades das famílias.
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