Estratégias de Ensino-Aprendizagem para uma Educação Científica sob a Ótica de Problemas Complexos em Cenários de Risco e Incerteza
DOI:
https://doi.org/10.25749/sis.38063Palavras-chave:
modernidade reflexiva, globalização, problemas complexos, riscos manufaturados, ensino de ciênciasResumo
Neste texto, empreendemos uma reflexão teórica em busca de explorar subsídios que permitam repensar a educação científica para o risco numa sociedade onde as ameaças se distribuem de forma não excludente. Com esse objetivo, partimos das noções de educação científica moderna reflexiva, complexidade e globalização, para em seguida discutir algumas estratégias de ensino-aprendizagem. Organizadas em grupos, argumentamos que essas estratégias, em suas dimensões didático-pedagógicas para a educação científica e tecnológica, devem preparar os estudantes para abordar problemas complexos em cenários próximos às dinâmicas contemporâneas. Para cada grupo, apontamos uma série de recursos educacionais e de pesquisa que buscam fornecer ferramentas para atuar em um mundo em constante transformação, marcado por conflitos, guerras, desigualdades, pandemias, fake news, negacionismos e desafios tecnocientíficos e socioambientais cada vez mais urgentes. Finalmente, ressaltamos a necessidade de incentivar o desenvolvimento de perspectivas críticas, criativas e reflexivas, nas quais a compreensão do conhecimento científico se articule com a riqueza de outros modos de conhecer.
Downloads
Referências
Achiam, M., Dillon, J., & Glackin, M. (2021). Addressing Wicked Problems through Science Education. The Role of Out-of-School Experiences. Springer Nature. https://doi.org/10.1007/978-3-030-74266-9
Bachelard, G. (2000). A epistemologia. (F. Lourenço & M. Carmino, Trad.). Edições 70.
Barelli, E., Tasquier, G., Caramaschi, M., Satanassi, S., Fantini, P., Branchetti, L., & Levrini, O. (2022). Making sense of youth futures narratives: Recognition of emerging tensions in students’ imagination of the future. Frontiers in Education, 7, 911052. https://doi.org/10.3389/feduc.2022.911052
Beck, U. (2011). Sociedade de risco: rumo a uma outra modernidade. (2ª Edição). Editora 34.
Bell, W. (2009). Foundations of future studies. History, purposes, and knowledge. Human Science for a New Era. (Transaction Publishers, Trad.). State University of New Jersey / Transaction Publishers.
Brinkmann, R. (2020). Wicked Problems and Disasters. In Environmental Sustainability in a Time of Change. Palgrave Studies in Environmental Sustainability (pp. 55-82). Palgrave Macmillan. https://doi.org/10.1007/978-3-030-28203-5_4
Buntting, C., & Jones, A. (2015). Futures Thinking in the Future of Science Education. In D. Corrigan, C. Buntting, J. Dillon, A. Jones & R. Gunstone (Eds.), The Future in Learning Science: What’s in it for the Learner? (pp. 229-244). Springer. https://doi.org/10.1007/978-3-319-16543-1_12
Christensen, C. (2009). Risk and school science education. Studies in Science Education, 45(2), 205-223. https://doi.org/10.1080/03057260903142293
Erduran, S., & Levrini, O. (2024). The impact of artificial intelligence on scientific practices: an emergent area of research for science education. International Journal of Science Education, 46(18), 1982-1989. https://doi.org/10.1080/09500693.2024.2306604
Ghidini, J., & Pietrocola, M. (2024). Between risk and trust: Contextual problems of nuclear energy. [Apresentação de trabalho, anais no prelo]. 17th Biennial International Conference of the IHPST Group, Buenos Aires, Argentina.
Giddens, A. (1995). As consequências da modernidade. Celta Editora.
Giddens, A. (2000). O mundo na era da Globalização. Presença.
Giddens, A. (2003). A constituição da sociedade. (A. Cabral, Trad.). Martins Fontes.
Giddens, A., Beck, U., & Lash, S. (1997). Modernização reflexiva. Política, tradição e estética na ordem social moderna. (M. Lopes, Trad.). Editora da Universidade Estadual Paulista.
Haltaufderheide, J. (2020). CRISPR-Cas and the Wicked Problem of Moral Responsibility. In B. Beck & M. Kühler (Eds.), Technology, Anthropology, and Dimensions of Responsibility (pp. 45-58). Techno: Phil – Aktuelle Herausforderungen der Technikphilosophie, vol. 1, J.B. Metzler, Stuttgart. https://doi.org/10.1007/978-3-476-04896-7_5
Jones, A., Buntting, C., Hipkins, R. McKim, A., Conner, L., & Saunders, K. (2012). Developing Students’ Futures Thinking in Science Education. Res Sci Educ, 42, 687-708. https://doi.org/10.1007/s11165-011-9214-9
Kurtz, C. F., & Snowden, D. J. (2003). The new dynamics of strategy: Sense-making in a complex and complicated world. IBM Systems Journal, 42(3), 462-483. https://doi.org/10.1147/sj.423.0462
Laherto, A., & Rasa, T. (2022). Facilitating transformative science education through futures thinking. On the horizon: The international journal of learning futures, 30(2), 96-103. https://doi.org/10.1108/OTH-09-2021-0114
Latour, B. (2020). Onde aterrar? — Como se orientar politicamente no Antropoceno. (M. Vieira, Trad.). Ed. Bazar do Tempo.
Levrini, O., Pietrocola, M., & Erduran, S. (2024). Breaking Free from Laplace’s Chains. Science & Education, 33, 489-494. https://doi.org/10.1007/s11191-024-00528-w
Mampuys, R. (2023). The Deadlock in European Decision-Making on GMOs as a Wicked Problem by Design: A Need for Repoliticization. Science, Technology, & Human Values, 48(6), 1329-1359. https://doi.org/10.1177/01622439221097206
Morin, E. (2003). A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. (8ª Edição). Bertrand Brasil.
Morin, E. (2005). Introdução ao pensamento complexo. (E. Lisboa, Trad.). Ed. Sulina.
Motta, R. (2009). Sociologia de risco: globalizando a modernidade reflexiva. Sociologias, 11(22), 384-396. https://doi.org/10.1590/S1517-45222009000200015
Ogata, J. (2024). O ensino de ciências e o desenvolvimento da inteligência artificial: a influência dos valores na avaliação dos riscos manufaturados. (Dissertação de mestrado não publicada). Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.
O’Neill, B. C., Kriegler, E., Ebi, K. L., Kemp-Benedict, E., Riahi, K., Rothman, D. S., van Ruijven, B. J., van Vuuren, D. P., Birkmann, J., Kok, K., Levy, M., & Solecki, W. (2017). The roads ahead: Narratives for shared socioeconomic pathways describing world futures in the 21st century. Global Environmental Change, 42, 169-180. https://doi.org/10.1016/j.gloenvcha.2015.01.004
Pietrocola, M. (2019). Uma crítica epistemológica sobre as bases do currículo: A interdisciplinaridade como um saber de segunda ordem. Educação, Sociedade & Culturas, 55, 31-51. https://doi.org/10.34626/esc.vi55.37
Pietrocola, M., & Gurgel, I. (Eds.). (2017). Crossing the Border of the Traditional Science Curriculum. Brill. https://doi.org/10.1007/978-94-6351-041-7
Pietrocola, M., Rodrigues, E., Bercot, F., & Schnorr, S. (2021). Risk Society and Science Education. Lessons from the Covid-19 Pandemic. Science & Education, 30, 209-233. https://doi.org/10.1007/s11191-020-00176-w
Pietrocola, M., & Souza, C. R. de (2019). A sociedade de risco e a noção de cidadania: desafios para a educação científica e tecnológica. Linhas Críticas, 25, e19844. https://doi.org/10.26512/lc.v25.2019.19844
Rittel, H. W. J., & Webber, M. M. (1973). Dilemmas in a general theory of planning. Policy Sciences, 4, 155-169. https://doi.org/10.1007/BF01405730
Salles, V. O., & Matos, E. A. S. A. de. (2017). A teoria da complexidade de Edgar Morin e o Ensino de Ciência e Tecnologia. Revista Brasileira de Ensino de Ciência e TECNOLOGIA, 10(1), 116-127. https://doi.org/10.3895/rbect.v10n1.5687
Schenk, L., Hamza, K. M., Enghag, M., Lundegård, I., Arvanitis, L., Haglund, K., & Wojcik, A. (2019). Teaching and discussing about risk: seven elements of potential significance for science education. International Journal of Science Education, 41(9), 1271-1286. https://doi.org/10.1080/09500693.2019.1606961
Schnorr, S. M., Faria, B. B. M., Rodrigues, E. V., & Pietrocola, M. (2024). O encontro da sociedade do risco na formação de professores de Biologia: análise das experiências formativas no PIBID. Revista De Ensino De Biologia Da SBEnBio, 17(nesp.1), 384-405. https://doi.org/10.46667/renbio.v17inesp.1.1443
Schwab, J., & Diaz, N. C. (2023). The discursive blinkers of climate change: Energy transition as a wicked problem. The Extractive Industries and Society, 15, 101319. https://doi.org/10.1016/j.exis.2023.101319
Shepherd, T. G. (2019). Storyline approach to the construction of regional climate change information. Proceedings of the Royal Society A: Mathematical, Physical and Engineering Sciences, 475(2225). https://doi.org/10.1098/rspa.2019.0013
Silva, B. P. L. (2011). A teoria da complexidade e o seu princípio educativo: as ideias educacionais de Edgar Morin. Polyphonía, 22(2), 241-254. https://doi.org/10.5216/rp.v22i2.26682
Silva, L., Sollero, P., Bernardes, J., & Pietrocola, M. (2022). Risk perception concerning COVID-19 pandemic, global warming and food and nutrition security by pre-service science teachers. In G. S. Carvalho, A. S. Afonso & Z. Anastácio (Eds.), Fostering scientific citizenship in an uncertain world (Proceedings of ESERA 2021), Part 11 Evaluation and assessment of student learning and development, co-ed. L. Rokos & M. Ropohl (pp. 855-860). CIEC, University of Minho.
Downloads
Publicado
Edição
Secção
Licença
Direitos de Autor (c) 2025 Sisyphus – Revista de Educação

Este trabalho encontra-se publicado com a Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0.
O Copyright (c) pertence à Sisyphus – Journal of Education. No entanto, encorajamos que os artigos publicados na revista sejam publicados noutros lugares, desde que seja solicitada a autorização da Sisyphus e os autores integrem a nossa citação de fonte original e um link para o nosso site.
Política de auto-arquivo
É permitido aos autores o auto-arquivo da versão final publicada dos seus artigos em repositórios institucionais, temáticos ou páginas web pessoais e institucionais.
Subscritor DORA
O Instituto de Educação da Universidade de Lisboa, editor da Sisyphus, é um dos subscritores da Declaração de São Francisco sobre Avaliação da Investigação (DORA).


