Estudo de adaptação cultural e enológico de castas croatas ao território do Município de Alenquer
DOI:
https://doi.org/10.25746/ruiips.v11.i3.32509Palavras-chave:
estados fenológicos, vinho, Posip, Marastina, Vugava, Plavac Mali, Plavina, SvrdlovinaResumo
A vitivinicultura está historicamente ligada a Portugal e ao Município de Alenquer como atividade agrícola de relevante importância económica e social. Em 2017, foi celebrado um Acordo de Cooperação Internacional entre a Câmara Municipal de Alenquer e a Cidade Croata de Benkovac, cidade situada no condado de Zadar. Integram esta parceria o INIAV Polo de Inovação de Dois Portos, a Universidade de Zagreb, Faculdade de Agricultura, departamento de Viticultura & Enologia e Adega Cooperativa da Labrugeira.
Em 2019, ocorreu a permuta de castas autóctones das duas regiões. Em Alenquer foram plantadas seis castas da região de Benkovac, e na referida cidade croata foram plantadas seis castas da região de Alenquer. As castas croatas plantadas foram Posip B, Marastina B, Vugava B, Plavac Mali N, Plavina N e Svrdlovina N. As castas portuguesas plantadas na Croácia foram Arinto B, Fernão Pires B e Vital B, Touriga Nacional N, Touriga Franca N e Vinhão N. Em 2022, foram vinificados os primeiros vinhos das castas croatas plantadas em Portugal (Alenquer) e na Croácia os primeiros vinhos produzidos a partir de castas portuguesas.
O objetivo deste estudo é avaliar o potencial agronómico e enológico das uvas das castas croatas instaladas em Portugal. Para avaliação e comparação, foram utilizadas as castas portuguesas de referência, a Fernão Pires (B) e a Castelão (N). Como referência local foi utilizada adicionalmente a casta Vital (B), em vias de extinção, e que o Município e a Adega Cooperativa da Labrugeira pretendem valorizar no âmbito dos territórios locais.
Para o estudo das características agronómicas considerou-se 5 blocos de 6 videiras para cada casta. Avaliaram-se, segundo os descritores da OIV, os estados fenológicos, o tempo de abrolhamento, o índice de fertilidade, características do bago e cacho e suscetibilidade às doenças criptogâmicas. Aos vinhos produzidos, avaliaram-se os parâmetros da análise sumária, Glucose + Frutose, glucose, ácido tartárico, ácido málico; potássio, cálcio, ferro, cobre, estabilidade tartárica e proteica, características cromáticas pelo método CieLab, intensidade e tonalidade da cor bem como a caracterização da fração fenólica.
Para as castas em estudo, o ciclo vegetativo varia de precoce a tardio, tendo-se verificado também a existência de castas com o ciclo vegetativo mais curto e mais longo. As castas Posip B, Marastina B e Vugava B, apresentaram um abrolhamento similar entre si, e são mais tardias que a Vital (B) e a Fernão Pires, com 10 a 12 dias de diferença. Svrdlovina N é a mais precoce de todas, 10 dias antes da Castelão N. A última a abrolhar foi a Plavina N, com 15 dias depois da Castelão N. A Plavac Mali (N) apresenta o ciclo vegetativo mais curto enquanto a Marastina B e a Plavina N apresentam um ciclo mais longo, podendo ser estas a potenciar a sua adaptabilidade ao território. O índice de fertilidade varia entre 9% e 13 %. Os vinhos obtidos das castas croatas revelaram maior acidez total e menor pH, bem como menor teor em polifenóis totais e em antocianinas totais. Os resultados obtidos referem-se ao primeiro ano de ensaio.
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