Deus e o Diabo no Grande Sertão: Veredas: Uma Leitura Antimaniqueísta

Authors

  • Elson Dias Oliveira

Keywords:

Grande sertão, veredas, Deus, Diabo, Dualismo, Maniqueísmo

Abstract

O presente trabalho, vinculando literatura e filosofia, objetiva analisar a relação dualista existente entre Deus e o Diabo no Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa, procurando contrastar uma interpretação maniqueísta que comumente se faz, haja vista não estarem bem definidos e delimitados esses dois signos na narrativa em questão. Por meio de repetições contraditórias, Riobaldo, o narrador-protagonista, questiona a existência e a atuação/operância dessas forças que perpassam as mesmas veredas. Deus existe, porém é muito passivo, deixando quase todo o protagonismo para o ser humano, detentor da liberdade. E o Diabo, paradoxalmente, amedronta, mas não existe: a despeito de sugerir uma dimensão metafísico-ontológica, surge como algo demasiado humano, representação das más ações humanas. Inconformado, Riobaldo insiste em reclamar uma justa separação entre o que é bom e o que é mau, mas não consegue, pois está tudo muito misturado. Assim, pretendemos demonstrar que não há maniqueísmo nessa tessitura porque não há um dualismo radical na concepção do Bem e do Mal; não se constituem como absolutamente distinto-antagônicos.

Downloads

Download data is not yet available.

References

- Agostinho, Santo (1973). Confissões e De Magistro. São Paulo: Ed. Abril.

- Audi, Robert (2006). Dicionário de filosofia de Cambridge. São Paulo: Paulus.

- Aguiar, Melânia Silva (2012). O discurso polivalente de Guimarães Rosa. O eixo e a roda - Revista de Literatura Brasileira, 21(1): Pp 17-25. Disponível em: <http://www.letras.ufmg.br/poslit/08_publicacoes_pgs/Eixo%20e%20a%20Roda%2021,%20n.1/01-Melania%20Aguiar.pdf>.

- Albergaria, Consuelo (1977). Bruxo da linguagem no Grande Sertão. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro.

- Bussolotti, Maria Aparecida Faria Marcondes (org) (2003). João Guimarães Rosa: correspondência com seu tradutor alemão Curt Meyer-Clason. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.

- Defina, Gilberto (1975). Teoria e prática de análise literária: síntese de princípios de análise literária aplicados ao romance Grande Sertão: Veredas. São Paulo: Pioneira.

- Dostoiévski, Fiódor (1995). Os irmãos karamazov. São Paulo: Círculo do Livro.

- Galvão, Walnice Nogueira (1972). As formas do falso: um estudo sobre a ambiguidade no Grande Sertão: Veredas. São Paulo: Perspectiva.

- Gilson, Étienne (1995). A filosofia na idade média. São Paulo: Martins Fontes.

- Hansen, João Adolfo (2000). O o: a ficção da literatura em Grande Sertão: Veredas. São Paulo: Hedra.

- Loyolla, Dirlevander (2009). Poética da reflexão: um estudo sobre Grande Sertão: Veredas. Montes Claros: Unimontes.

- Mulinacci, Roberto (2012). Metaleituras - Claudio Magris leitor de João Guimarães Rosa. In: Fábio Figueiredo Camargo; Patrícia Goulart Tondineli & Telma Borges (Org.). Ser Tão João. São Paulo: Annablume; Belo Horizonte: Fapemig. Pp 15-27.

- Nunes, Benedito (2009). O dorso do tigre. São Paulo: Ed. 34.

- Reale, Giovanni & Antiseri, Dario (1990). História da filosofia: antiguidade e idade média. São Paulo: Paulus.

- Rosa, João Guimarães (2001). Grande Sertão: Veredas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.

- Sperber, Suzi Frankl (1982). Guimarães Rosa: signo e sentimento. São Paulo: Ática.

Published

2016-02-01

How to Cite

Oliveira, E. D. (2016). Deus e o Diabo no Grande Sertão: Veredas: Uma Leitura Antimaniqueísta. Millenium - Journal of Education, Technologies, and Health, (46A), 138–152. Retrieved from https://revistas.rcaap.pt/millenium/article/view/8129