O Modelo de Procriação Real versus Ideal – O Valor dos Filhos
Keywords:
família, procriação real e ideal, valor dos filhosAbstract
Introdução: A história das populações sugere-nos
uma sucessão de fases alternativas sobre a dimensão da
família. Da fecundidade “natural” àquela controlada, temos
atualmente um modelo de família onde o número de filhos tem
sofrido uma diminuição acentuada, sobretudo nos países
desenvolvidos, aos quais Portugal se associa a ponto de termos
hoje um desequilíbrio demográfico, onde o número de idosos
já ultrapassa o dos jovens, com consequências prejudiciais, em
termos familiares, relacionais, sociais e económicos.
Objetivos: Esta investigação teve como principal
objetivo produzir alguns conhecimentos acerca dos modelos
de procriação, designando-se o modelo efetivo por real e o
modelo desejado por ideal. Pretendemos comparar estes dois
modelos de modo a termos uma perceção não só do número
mas também do valor e do impacto que os filhos têm na
opinião das famílias.
Metodologia: Este estudo, de tipo descritivo e
quantitativo, envolveu 230 famílias clássicas das 34 freguesias
do concelho de Viseu. Os dados foram obtidos através da
aplicação de um inquérito ao qual respondia a mulher do casal,
por razões de facilidade de acesso. Apresentamos os dados
mais significativos do estudo em relação ao entendimento das
vantagens e desvantagens, tanto na intenção como na decisão
do casal em relação ao número de filhos, assim como da
perceção e do valor que os mesmos têm para a família.
Resultados: Dos resultados obtidos salientamos a
consciencialização que há da importância do valor dos filhos
para a família, mas também das dificuldades em ter mais do
que um ou dois filhos, o que conduz a diferenças entre o
modelo real e o modelo ideal. Daí o reconhecimento, por parte
ou mais filhos. Nesta perspetiva, importa salientar que as
preferências manifestadas permitem-nos concluir, por um
lado, que há uma correspondência significativa entre o número
de filhos e o impacto diferenciado que estes têm nas funções,
na dinâmica e na estrutura da família, e, por outro lado,
mostram os desafios que são colocados à sociedade no sentido
de responder de modo eficaz às necessidades sentidas pelas
famílias. Todavia, sendo evidente que um número maior de
filhos é bom para a família e para a sociedade, no entanto,
cabe sempre à família escolher e tomar as decisões que do seu
ponto de vista refletem as suas possibilidades e os seus
interesses em termos de realização pessoal. Comparámos o
modelo efetivo e o ideal, evidenciámos os possíveis motivos e
as consequências das decisões em termos de vantagens e
desvantagens, alguns perfis de famílias, obstáculos em relação
ao número o valor e os custos com os filhos.
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