Dominação e reprodução da automobilidade: a rede de auto‑estradas das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto
DOI:
https://doi.org/10.18055/Finis12218Resumo
A mobilidade contemporânea é dominada pelo automóvel. Como sistema autoreprodutivo, a automobilidade tem‑se reforçado ao longo do tempo, contribuindo para um conjunto de alterações sociais, culturais e geográficas. Neste quadro, as auto‑estradas constituem um revelador da relação entre os territórios e o automóvel. Este artigo incide sobre as duas Áreas Metropolitanas Portuguesas (Lisboa e Porto), cuja rede de auto‑estradas cresceu nas últimas três décadas de forma significativa. Com base numa revisão da literatura
e nalguns dados estatísticos produzidos no decorrer de uma investigação em curso, providenciam‑se pistas de reflexão acerca da realidade nacional. Os números mostram que as duas Áreas Metropolitanas ocupam uma posição excepcional no contexto europeu, com uma densidade de auto‑estradas superior a 140km de vias por mil km2, equivalendo a um possível sobredimensionamento da rede em 35‑42% face a outras metrópoles europeias. A expansão recente (2000‑2016) da rede de auto‑estradas mostra que esta situação não resulta só das necessárias políticas de modernização e de uma resposta automática ao desenvolvimento económico. Deve principalmente à ineficiente regulação da expansão urbana e à aceitação total, até um período muito recente, do automóvel como resposta às necessidades de mobilidade.
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