FORMAS RESILIENTES DA TRADIÇÃO NA DIÁSPORA AFRICANA EM LISBOA:
KOLA SAN JON E O DIREITO À CIDADE
DOI:
https://doi.org/10.18055/Finis19629Resumo
O urbano contemporâneo coloca desafios de várias (des)ordens, sendo em si, uma das maiores questões enfrentadas. Focamos o uso coletivo da cidade em contexto neoliberal e nas modalidades e consequências da sua apropriação para a vida social, segundo Lefebvre. Este ensaio incide sobre o Bairro da Cova da Moura e a inscrição, em 2013, da prática performativa cabo-verdiana Kola San Jon, no Inventário Nacional de Património Cultural Imaterial. A análise baseia-se em pesquisa etnográfica realizada entre 2011 e 2018, incidindo sobre o Kola San Jon, simultaneamente como prática cultural que actualiza os processos sociais e como dispositivo identitário estratégico que reivindica a visibilidade da comunidade. Assim, focamos a festividade organizada anualmente na Cova da Moura e a agenda anual de atividades externas, na sua relação com a luta pela valorização do lugar na Área Metropolitana de Lisboa (AML), bem como o próprio processo de patrimonialização do Kola San Jon em Portugal. A reflexão sobre esta prática comprometida com estratégias de ação que geram formas de resistência e afirmação de base identitária, remete-nos para a questão do direito à cidade, na sua qualidade de prática cultural de um lugar que o capitalismo empurra para as margens, mas também enquanto evento lúdico com capacidade de gerar centralidades cidadãs. Kola San Jon faz jus à noção de que habitamos hoje, com crescente intensidade, redes que cruzam um emaranhado de trajetórias mais importantes do que as fronteiras.
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