As costureiras, as Queens e os seus mantos. Desterritorialização, cultura material e construção do lugar

Autores

  • Filomena Silvano Professora da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa

DOI:

https://doi.org/10.18055/Finis7871

Palavras-chave:

Lugar, transnacionalismo, cultura material, festas do Espírito Santo, Ilha do Pico (Açores)

Resumo

Durante as décadas de 1980 e de 1990 a noção de lugar na literatura antropológica
foi sujeita a uma abordagem crítica que debateu as dimensões metodológicas e conceptuais envolvidas na sua construção. No seguimento desse debate, surgiram propostas de trabalho que, de maneiras muito diversas, conseguiram ultrapassar as limitações das concepções mais clássicas da figura do lugar. Essas propostas revelaram, no entanto, que, mesmo quando estamos face a uma lógica de desterritorialização, a figura do lugar pode reaparecer (embora obviamente transmutada, visto construir-se no interior de outras lógicas sociais, culturais e económicas). Partindo de um estudo etnográfico realizado na Ilha do Pico, o texto explora algumas das inovações, provenientes dos EUA no início do século XX, que foram introduzidas nas Festas do Espírito Santo. A principal inovação prende-se com a emergência de novos personagens: as rainhas (queens) coroadas durante o ritual, seguidas pelas costureiras indispensáveis à confecção dos seus vestidos e mantos. Centrado nos processos de feitura dos mantos, o texto pretende mostrar como a cultura material local se constrói e se transforma no interior de um movimento transcontinental constante de pessoas, rituais, coisas e técnicas. Num contexto transnacional, a mobilidade das pessoas pode “objectificar-se” em coisas que são feitas localmente, participando assim a desterritorialização na construção do lugar

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Biografia Autor

Filomena Silvano, Professora da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa

Filomena Silvano é Antropóloga, Professora da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa
(FCSH-UNL) e membro do Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA ). No seu trabalho relaciona as questões das identidades colectivas e individuais com o estudo do espaço, do habitat, da cultura material e da cultura expressiva. É autora dos livros “Territórios da Identidade”, “Antropologia do Espaço” e “De casa em casa: sobre um encontro entre etnografia e cinema”.

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Publicado

2015-12-26

Como Citar

Silvano, F. (2015). As costureiras, as Queens e os seus mantos. Desterritorialização, cultura material e construção do lugar. Finisterra, 50(100). https://doi.org/10.18055/Finis7871

Edição

Secção

Artigos