Propósitos e Compromissos

Desde a sua fundação, em 1966, os desígnios da Finisterra têm sido a divulgação científica e a difusão de novos caminhos da investigação em Geografia, orientando um percurso que contribuiu para a crescente afirmação e reconhecimento, não apenas do Centro de Estudos Geográficos, sua entidade editora, mas também, num sentido mais amplo, do trabalho dos geógrafos e de outros especialistas que atuam nesta área do conhecimento. É um percurso que está gravado em páginas, materializando e documentando o que têm sido os esforços de descoberta, de reflexão, de questionamento e de inovação nos domínios de estudo da Geografia e do Território, legando-nos saber, memória e identificação. A Finisterra é, inquestionavelmente, uma das referências fundamentais e simbólicas para todos os que, em Portugal, mas não só, se interessam pelo estudo e compreensão dos fenómenos geográficos e das suas dinâmicas. Como publicação periódica de natureza científica, a Finisterra tem, deste modo, um valor e um significado inestimáveis para uma vasta comunidade de autores e leitores, constituindo elementos de um património editorial que, com reconhecido sucesso, as sucessivas direções da revista produziram e cimentaram.

Ciente do que ficou já exposto, uma nova direção da Finisterra assume funções para um mandato trienal. No essencial, a nova equipa diretiva propõe-se levar a cabo um projeto em que pretende conjugar, sem contradições, continuidade e elementos de renovação. Antes de mais, assume-se o anseio de dar prossecução às tendências animadoras no respeitante à internacionalização, acessibilidade e visibilidade da revista. Por outro lado, a comissão executiva editorial da Finisterra foi renovada, integrando colaboradores que têm já uma larga experiência em tarefas de revisão científica e de edição, incluindo na Finisterra, e procurará corresponder com eficiência aos diferentes desafios que se colocam no contexto da revista. O momento atual é muito exigente e desafiante para a direção da Finisterra, representando uma “herança de grande responsabilidade”, conforme referiu Margarida Queirós, a anterior diretora, nas suas reflexões em torno dos últimos seis anos da revista. As anteriores direções da Finisterra tiveram a capacidade de, num ambiente fortemente competitivo como é o da edição das produções científicas, ampliar o fluxo de textos publicados (artigos e números editados anualmente) e de tornar a revista mais internacional, quer considerando a crescente presença de autores estrangeiros nos trabalhos, quer tendo em atenção as métricas adotadas em bases de dados de indexação. Também deve ser salientada a crescente visibilidade e impacto da revista na comunidade dos geógrafos, estimulada, em parte, pelo sucesso de iniciativas como a presença assídua nas redes sociais, a organização de ações de formação, a atribuição de prémios editoriais ou a organização da Lição Anual. A preparação destas ações e eventos, em coordenação com o Centro de Estudos Geográficos, continuará a merecer todo o cuidado e empenho da direção da Finisterra.

A Finisterra continua aberta ao mundo da investigação para difundir conhecimento e divulgar avanços na ciência em torno das grandes questões e problemas desafiantes que se colocam, na atualidade, ao ambiente, à sociedade e ao território. A atratividade da revista para a investigação de excelência impõe aos responsáveis da Finisterra o dever de supervisão escrupulosa de todos os processos de avaliação e de revisão dos manuscritos submetidos, exigindo, com assertividade e transparência, a aplicação de critérios de qualidade rigorosos na verificação de todos os materiais até à sua publicação, seja em formato digital ou em papel. Este compromisso de responsabilidade, essencial para renovar a confiança e preferência dos autores e leitores, é assumido pela nova equipa diretiva, e constitui também uma condição determinante para assegurar que a Finisterra prossiga com vigor a sua história editorial, revelando os novos trajetos da investigação geográfica.

 

Lisboa, abril de 2022

Marcelo Fragoso