Associações de pais e associações de estudantes: Amigos, amigos, negócios à parte!

Autores

  • Virgíno Sá Universidade do Minho/Instituto de Educação e Psicologia

DOI:

https://doi.org/10.25755/int.299

Palavras-chave:

Associações de pais, Associações de estudantes, Escola, Cooperação.

Resumo

Como observam Silva e Stoer (2005), na escola pública portuguesa, e particularmente no ensino secundário, os alunos, aparentemente, beneficiam de uma “dupla representação”. Por um lado, são representados pelas suas associações, por outro lado, é também para defender “os interesses morais, culturais e físicos dos estudantes” (CONFAP) que se abre espaço à intervenção das associações de pais na escola. Contudo, faltam estudos que se debrucem sobre o modo como se articulam e convivem estas duas estruturas associativas cujas agendas são, aparentemente, convergentes. Por isso, neste texto, mobilizando alguns dados empíricos, pretendemos contribuir para abrir o debate em torno das (des)articulações entre as associações de pais e as associações de estudantes, conferindo certo destaque às representações mútuas e à indagação sobre eventuais agendas concertadas para a intervenção na escola.
Os “fragmentos discursivos” de que partimos, e cuja natureza muito parcelar desde já reconhecemos, apontam para duas (quase) estruturas, organizadas em torno de “mundos à parte”, acusando um desconhecimento recíproco (por vezes retórico), entrecortado por recriminações mútuas, pontualmente amenizadas por algumas realizações conjuntas, embora tuteladas por uma das partes. No sentido de contribuir para a dilucidação das desconexões e coexistência tensa entre as associações de estudantes e as associações de pais, avançamos com algumas “leituras” de inspiração sociológica e organizacional. No primeiro caso, mobilizando a distinção entre os processos de familialização, institucionalização e individualização (Edwards e Alldred, 2000), admitimos a hipótese de as associações de pais e as associações de estudantes estarem filiadas em “lógicas em tensão” e, portanto, sujeitas a uma convivência problemática. No segundo caso, admitimos que natureza “dissipativa” das estruturas em apreço, aliada à singularidade da sua inscrição no contexto de uma organização mais ampla, além de dificultar a sua intraconexão, parece também militar no sentido de tornar incerta a sua articulação lateral.

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Publicado

2006-03-02

Como Citar

Sá, V. (2006). Associações de pais e associações de estudantes: Amigos, amigos, negócios à parte!. Revista Interacções, 2(2). https://doi.org/10.25755/int.299

Edição

Secção

Número 2 - Pluralidade de olhares sobre escolas e famílias e suas intra e inter-relações.