Vivências do luto dos familiares em contexto paliativo

Autores

  • Joana Rente Hospital Dr. Francisco Zagalo, Ovar, Portugal
  • Madalena Cunha Health School of the Polytechnic Institute of Viseu, Portugal, UNICISA-E, ESEnfC, Coimbra, Portugal, CIEC, UMinho, Braga, Portugal

DOI:

https://doi.org/10.29352/mill0203e.10.00221

Palavras-chave:

Cuidados paliativos, Família, Luto

Resumo

Introdução: O contexto do luto, e tudo o que o pode potenciar ou prolongar são situações complexas que abarcam múltiplas dimensões que podem resultar em luto patológico. Frequentemente as vivências são negligenciadas quando deveriam ser acompanhadas e prevenidas ou mesmo diagnosticadas para um melhor acompanhamento àqueles que ficam, os familiares da pessoa com necessidades paliativas.

Objetivos: Identificar se as variáveis sociodemográficas, psicológicas ou de contexto de luto têm efeito nas vivências do luto dos familiares com necessidades paliativas.

Métodos: Estudo quantitativo, transversal, descritivo e correlacional, com uma amostra de 132 familiares da pessoa com necessidades paliativas, selecionados através de técnica não probabilística pelo método de bola de neve. O Instrumento de colheita de incluiu: um Questionário Sociodemográfico, a Escala de Esperança de Herth, a Escala do Contexto do Luto, a Escala de Apoio Social, o Inventory of Complicated Grief, e a Escala da Ansiedade, Depressão e Stress.

Resultados: Dos 132 participantes, 94 revelaram um processo de luto normal. Destes, 67% pertencem ao sexo feminino, com uma idade média de 44 anos, casados ou em união de facto (61.7%) e a residir em meio urbano (75.5%). O nível de esperança e a idade revelaram efeito preditivo nas vivências do luto normal.

Conclusões: Os resultados sobre a identificação de alguns fatores envolvidos na ocorrência do processo de luto revelam a necessidade de mobilização de recursos promotores da vivência saudável do luto em contexto paliativo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Barbosa, A. (2010). Luto. In A. Barbosa & I. G. Neto (2010). Manual de Cuidados Paliativos. (2ª ed.). pp. 381-382. Lisboa: Núcleo de Cuidados Paliativos. Centro de Bioética. Faculdade de Lisboa.

Barbosa, A. (2013). Olhares sobre o luto. Lisboa: Núcleo de Cuidados Paliativos. Centro de Bioética. Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.

Batista, P. & Santos, J. C. (2014). Processo de luto dos familiares de idosos que se suicidaram. Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental, 12, 17-24.

Bonanno GA, Wortman CB and Nesse RM (2004) Prospective patterns of resilience and maladjustment during widowhood. Psychology and Aging 19, 260–271.

Chiu, Y. [et al.] (2010). Determinants of complicated grief in caregivers who cared for terminal cancer patients. Support Care Cancer, 18, 1321-1327.

Coutinho, C. P. (2011). Metodologia de Investigação em Ciências Sociais e Humanas, Edições Almedina, 344 p.

Cunha, M. (2014). Escala de Contexto do Luto. Não publicado.

Delalibera, M., Coelho, A. & Barbosa, A. (2011). Validação do instrumento de avaliação do luto prolongado para a população portuguesa. Acta Médica Portuguesa, 24(6), 935-942.

Ferreira, N., Souza, C. & Stuchi, Z. (2008). Cuidados Paliativos e família. Revista Ciências Médicas, 17(1), 33-42.

Ferros, L. (2005). Morte e processo de luto na infância e adolescência. Revista da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, 10(3), 162-168.

Frade, B., Rocha, J., Sousa, H., & Pacheco, D. (2009). Validation of Portuguese version for Inventory of Complicated Grief. European Congress of Traumatic Stress Journal, Oslo.

Freitas, J. L. & Michel, L. H. F. (2014). A maior dor do mundo: o luto materno em uma perspetiva fenomenológica. Psicologia em Estudo, 19 (2), 273-283.

Freitas, J. L. (2013). Luto e fenomenologia: Uma proposta compreensiva. Revista de Abordagem Gestáltica – Phenomenological Studies, XIX, 97-105. Acedido em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S18096867201300010001.

Gomes, B., Sarmento, V. P., Ferreira, P. L. & Higginson, I. J. (2013). Estudo Epidemiológico dos Locais de Morte em Portugal em 2010 e Comparação com as Preferências da População Portuguesa. Acta Médica Portuguesa, 26(4), 327-334.

Goodenough B. [et al] (2004). Bereavement outcomes for parents who lose a child to cancer: are place of death and sex of parent associated with differences in psychological functioning? Psycho-Oncology 13, 779–791.

Hawley P. (2017). Barriers to access to palliative care. Palliat Care;10:1178224216688887.

Herth, K. (1992). Abbreviated Instrument to measure Hope: development and psychometric evaluation. Journal of Advanced Nursing, 17, 1251-1259.

Kelley A. S., [et al] (2017). Identifying older adults with serious illness: A critical step toward improving the value of health care. Health Serv Res; 52:113–131.

Koury, M. G. P. (2014). O luto no Brasil no final do século XX. Caderno CRH, 27, 593612.

Lin, E., Rosenthal, M. A., Le, B. H. & Eastman, P. (2012). Neuro-oncology and palliative care: a challenging interface. Neuro Oncology, 14 Suppl. 4, 3-7.

Lucas, A. M. [et al.] (2011). Processo de Luto. Revista Investigação em Enfermagem, 23(2), 77-83.

Machado, M. A. (2015). Luto nos Familiares da Pessoa em Situação de Cuidados Paliativos. Dissertação de Mestrado. Escola Superior de Saúde de Viseu – Instituto Politécnico de Viseu.

Marques, M. (2015). Fatores que impedem a resolução do luto. Psicologia.pt - O Portal dos Psicólogos. Acedido em: http://www.psicologia.pt/artigos/ver_artigo.php?codigo= A0860.

Matos, A. P. & Ferreira, A. (1999). Desenvolvimento de uma escala de apoio social - No Prelo - Trabalho apresentado nas Jornadas da Associação Portuguesa de Terapia do Comportamento. Realizadas nos dias 7, 8 e 9 de Janeiro de 1999 em Coimbra.

McCarthy M.C. [et al] (2010). Prevalence and predictors of parental grief and depression after the death of a child from cancer. Journal of Palliative Medicine 13, 1321–1326.
Misko, M. D. [et al.] (2015). A experiência da família da criança e/ou adolescente em cuidados paliativos: flutuando entre a esperança e a desesperança em um mundo transformado pelas perdas. Revista Latino-Americana de Enfermagem, 23(3), 560-567.

Neria, Y. [et al.] (2007). Prevalence and psychological correlates of complicated grief among bereaved adults 2.5-3.5 years after September 11th attacks. Journal of Trauma & Stress, 20(3), 251-262.

Oliveira, J. B. A. & Lopes, R. G. C. (2008). O processo de luto no idoso pela morte de conjugue e filho. Psicologia em Estudo, 13(2), 217-221.

Ordem dos Enfermeiros (2014). Parecer n.º 12/ 2014. Acedido em: http://www.ordemenfermeiros.pt/documentos/Documents/MCEEMC_Parecer_12_2014 _ImportanciaDaPresencaDoEEMC_Nos_CuidadosDeSaudePrimarios_Nomeadamente NAS%20UCC.pdf.

Ostfeld B.M. [et al] (1993). Maternal grief after sudden infant death syndrome. Journal of Developmental and Behavioral Pediatrics 14, 156–162.

Pais-Ribeiro, J., Honrado, A. & Leal, I. (2004). Contribuição para o estudo da adaptação portuguesa das escalas de ansiedade, depressão e Stress (EADS) de 21 itens de Loviond e Lovibond. Psicologia, Saúde & Doenças, 2004, 5(2), 229-239. Acedido em: http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/psd/v5n2/v5n2a07.pdf.

Parkes, C. (1998). Luto: Estudos sobre a perda na vida adulta. São Paulo: Summus.
Pereira, S. M. (2010). Cuidados Paliativos: Confrontar a morte. Lisboa: Universidade Católica Editora.

Prigerson, H. G. (2004). Complicated grief: when the parth of adjustment leads to a deadend. Bereavement Care, 23, 38-40.

Prigerson, H. G. [et al] (2009). Prolonged Grief Disorder: Psychometric Validation of Criteria Proposed for DSMV and ICD-11. PLoS Medicine, 6(8), 12-25.

Prigerson, H.G. [et al] (2008). A Case for Inclusion of Prolonged Grief Disorder in DSM-V. Washington, DC, US: American Psychological Association.

Querido, A. (2005). A Esperança em Cuidados Paliativos. Dissertação de Mestrado. Lisboa: Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.

Stroebe M. S. [et al] (2006). The prediction of bereavement outcome: development of an integrative risk factor framework. Social Science and Medicine 63, 2440–2451.

Vinuto, J. (2014). Temáticas, Campinas, 22(44): 203-220, ago/dez.

Wijngaards-de Meij L. [et al] (2008). The impact of circumstances surrounding the death of a child on parents’ grief. Death Studies 32, 237–252.

Worden, J. W. (1998). Terapia do luto. Porto Alegre: Artes Médicas.

Worden, J. W. (2009). Grief Counseling and Grief Therapy: A Handbook for mentalhealth (4th ed.). New York: Springer Publishing Company.

Ficheiros Adicionais

Publicado

2019-04-16

Como Citar

Rente, J., & Cunha, M. (2019). Vivências do luto dos familiares em contexto paliativo. Millenium - Journal of Education, Technologies, and Health, 2(3e), 117–125. https://doi.org/10.29352/mill0203e.10.00221

Edição

Secção

Ciências da vida e da saúde