O bichado-da-castanha, cydia splendana (hübner) (lepidoptera: torticidae) em Portugal

Autores

  • Rosalina Marrão Centro Nacional de Competências dos Frutos Secos (CNCFS), Edifício do Brigantia EcoPark, Avenida Cidade de León, nº 506, 5300-358 Bragança, Portugal https://orcid.org/0000-0003-2670-6207
  • Ema Lopes Cooperativa Soutos Os Cavaleiros, Zona Industrial de Macedo de Cavaleiros, Lote 102 e 103, 5340-296 Macedo de Cavaleiros, Portugal. Instituto Politécnico de Bragança, Escola Superior Agrária,Campous de Santa Aplónia, 5300-253, Bragança, Portugal https://orcid.org/0000-0003-4085-760X
  • Albino Bento Instituto Politécnico de Bragança, Centro de Investigação de Montanha(CIMO), Campus de Santa Apolónia, 5300-253, Bragança, Portugal https://orcid.org/0000-0001-5215-785X

DOI:

https://doi.org/10.29352/mill0215.22311

Resumo

Introdução: O castanheiro apresenta enorme importância económica, social, cultural e ambiental, em Trás-os-Montes (Portugal), constituindo-se ainda como um dos elementos caraterizadores da paisagem. O bichado-da-castanha, Cydia splendana (Hübner) é considerado praga-chave da cultura, afetando a qualidade e quantidade da castanha.

Objetivos: O presente estudo teve como objetivo conhecer, de forma mais aprofundada, a biologia do bichado-da-castanha e a sua importância económica.

Métodos: Em 2018 e 2019, em seis soutos da região de Trás-os-Montes, situados em Bragança (Samil, Espinhosela e Parâmio), Macedo de Cavaleiros (Amendoeira), Vinhais (Espinhoso) e Valpaços (Sobrado), localizados a diferentes altitudes e em diferentes condições climáticas, procedeu-se à monitorização da praga nas diferentes fases de desenvolvimento (estados imaturos e adultos) e à estimativa dos estragos provocados. Os adultos foram monitorizados recorrendo a armadilhas delta, com feromona sexual (três por souto), distanciadas entre si em 50 m e os estados imaturos através da colheita de 200 folhas e 100 ouriços/frutos, por souto. Em laboratório, registaram-se o número de ovos e larvas. A intensidade de ataque foi avaliada através da dissecação de 1800 frutos apanhados ao longo da colheita.

Resultados: Foram registadas capturas do bichado-da-castanha, entre meados de agosto e início de outubro em 2018, com o pico do voo a ocorrer em finais de agosto, na maioria dos soutos. Em 2019 o período de voo foi mais curto, terminando em finais de setembro, com um pico de voo na segunda semana de setembro. Em 2018, as primeiras posturas observaram-se em meados de agosto e as primeiras larvas na última semana de agosto, em quanto em 2019 as posturas se iniciaram cerca de uma semana mais tarde. A intensidade de ataque dos frutos, situou-se entre os 10.0% no souto de Sobrado e os 23.3% no souto de Espinhoso.

Conclusões: A biologia do inseto parece ser ligeiramente influenciada pelas condições climáticas do local. Os níveis de captura são superiores em Macedo de Cavaleiros (Amendoeira), situado a uma altitude 766 metros, num souto com coberto vegetal destrocado periodicamente. Os prejuízos causados por C. splendana, foram maiores em soutos onde na área envolvente existem soutos abandonados e/ou mata de castanheiros bravos, como é o caso do souto de Espinhoso com 23.3% e do souto de Samil com 16.0% de castanhas atacadas. As castanhas dos castinçais e soutos abandonados, normalmente não são apanhadas, contribuído assim para o aumento da população da praga.

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Publicado

2021-05-31

Como Citar

Marrão, R., Lopes, E., & Bento, A. (2021). O bichado-da-castanha, cydia splendana (hübner) (lepidoptera: torticidae) em Portugal. Millenium - Journal of Education, Technologies, and Health, 2(15), 97–107. https://doi.org/10.29352/mill0215.22311

Edição

Secção

Ciências agrárias, alimentares e veterinárias