Negociação de cuidados num serviço de pediatria: discursos e prática
DOI:
https://doi.org/10.29352/mill0223.34545Resumo
Introdução: A negociação de cuidados assume uma dimensão estruturante para o sucesso da interação entre pais, criança e enfermeiros durante a hospitalização. Contudo, constata-se uma escassa evidência científica sobre as perspetivas de pais relativamente ao processo negocial.
Objetivo: Compreender a negociação de cuidados desenvolvida entre enfermeiros e pais no serviço de Pediatria Médica.
Métodos: Estudo de abordagem qualitativa de tipo descritivo, que contou com a participação de 11 pais. A recolha de dados realizou-se através de entrevistas semiestruturadas e os dados analisados com recurso à técnica de análise de conteúdo segundo Bardin (2016).
Resultados: Dos discursos e perspetivas dos pais sobre a negociação de cuidados, emergiram cinco domínios. As condições estruturantes, e o conhecimento da criança e família, são alicerces para sustentar o processo negocial. Na negociação propriamente dita, confluem dois papéis, o parental, com a assunção e a adaptação à condição do papel parental, e o papel dos enfermeiros. Há comportamentos promotores da negociação, que tendem para a naturalidade do processo de negociar, não obstante, existirem também comportamentos por parte dos enfermeiros que inibem a negociação. O apoio após a alta é reconhecido como um importante suporte após o regresso da criança a casa.
Conclusão: Os achados permitem uma clarificação dos papéis dos diferentes intervenientes na negociação de cuidados, com potencial para contribuir para a implementação de ações favorecedoras do processo negocial de uma forma mais sustentada e intencional.
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Referências
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