Motivação entre estudantes de cursos superiores
DOI:
https://doi.org/10.29352/mill0220e.42553Resumo
Atualmente, existe uma grande preocupação com o aumento das taxas de abandono escolar em todas as etapas da educação. Essa preocupação é ainda maior no ensino universitário, pois trata-se de uma etapa não obrigatória do percurso educativo e, em princípio, escolhida pelos próprios estudantes.
Ao abordar as razões que levam os estudantes a abandonar os estudos, identificam-se vários fatores que influenciam as taxas de abandono, mas que, infelizmente, não podem ser modificados pelos professores universitários. Entre estes fatores, destacam-se a ausência das qualificações de ingresso exigidas e a falta de recursos financeiros para frequentar o curso na instituição onde o estudante foi admitido, elementos que condicionam a escolha de cursos menos desejados ou mesmo indesejados, conduzindo frequentemente ao abandono (Itzhaki et al., 2019).
Outro grupo de motivos relaciona-se com a motivação dos estudantes. O estudo da motivação tem sido uma preocupação constante dos docentes, particularmente no ensino superior. Neste contexto, a motivação é entendida como a força psicológica que impele o indivíduo à ação e o sustenta na persecução de um objetivo.
A classificação da motivação proposta por Sánchez-Bolívar e Martínez-Martínez (2022) compreende cinco tipos: motivação extrínseca, motivação intrínseca, motivação instrumental, motivação integrativa e motivação transcendente.
A motivação extrínseca é entendida como aquela em que o ativador motivacional é externo à ação; em outras palavras, é o resultado benéfico e positivo da ação que determina se o indivíduo a realiza. Em contrapartida, na motivação intrínseca, o gatilho motivacional é a própria ação, ou seja, a pessoa experimenta bem-estar psicológico ao realizar a ação, o que leva a repeti-la no futuro (Sánchez-Bolívar & Martínez-Martínez, 2022).
A este respeito, é importante reconhecer que a motivação não é um constructo estático, mas um continuum dinâmico, influenciado pelas interações entre fatores pessoais, sociais e contextuais (Li, Liu, & Hu, 2023). As abordagens contemporâneas da psicologia educacional enfatizam que o significado atribuído à tarefa, o sentimento de competência e o grau de autonomia percecionado pelo estudante são pilares determinantes da qualidade da motivação (Ryan & Deci, 2022; Bottaro & Faria, 2022). Consequentemente, o papel do docente universitário ultrapassa a mera transmissão de conhecimento, estendendo-se à criação de ambientes de aprendizagem que favoreçam o desenvolvimento de uma motivação autónoma, duradoura e sustentada.
Autores como Ryan & Deci (2022), com a sua Teoria da Autodeterminação, argumentam que a motivação inicialmente extrínseca, através da repetição da ação, pode evoluir para uma forma de motivação intrínseca, regulando positivamente o bem-estar psicológico do indivíduo. Entre ambas situa-se a motivação instrumental, caracterizada por um equilíbrio entre a satisfação pessoal e a relevância do resultado obtido (Sánchez-Bolívar & Martínez-Martínez, 2022).
Esses autores defendem que não existe desmotivação, mas sim amotivação — um estado de alienação motivacional em que o indivíduo percebe uma desconexão entre a ação realizada e os seus resultados, levando, caso tal perceção se prolongue, à cessação da ação (Ryan & Deci, 2022).
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Referências
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