Procedimentos dos Professores Relativamente aos Comportamentos de Indisciplina dos Alunos na Aula de Educação Física
Palavras-chave:
comportamentos, indisciplina, professores, alunos, escolaResumo
A indisciplina na escola e na sala de aula constitui
uma séria preocupação para todos os que se interessam pela
problemática do ensino. Ela é um tema de debate inflamado,
mas é também um tema recorrente, refletindo, em primeiro
lugar, a importância que a sociedade atribui à disciplina na
escola, expressa na pluralidade de perspetivas e de posições
mais ou menos acantonadas em torno de ideologias ou escalas
de valores conflituantes. Em segundo lugar é um tema que
resiste teimosamente a soluções milagrosas ou definitivas,
ainda que as segregue continuada e abundantemente.
Material e Métodos - Participantes
O estudo envolveu 12 professores licenciados em
educação física com experiência profissional repartida por 3
grupos distintos, de acordo com critério adotado por Fink &
Siedentop (1989): grupo 1 - professores no primeiro ano de
serviço; Grupo 2 - professores com quatro e cinco anos de
serviço; grupo 3 - professores com doze ou mais anos de
serviço. Estiveram envolvidos 1050 alunos pertencentes a 48
turmas do 6º, 7º e 8ºanos de escolaridade, dos Distritos de
Viseu e Guarda.
Instrumentarium
A recolha da informação relativa ao comportamento do
aluno foi realizada com base no Sistema de Observação dos
Comportamentos de Indisciplina dos Alunos (SOCI)
desenvolvido por Piéron e colaboradores (Piéron & Brito, 1990;
Piéron & Emonts, 1988), contemplando 4 categorias
(comportamentos dirigidos à actividade, ao professor, aos colegas
e comportamentos dos alunos dispensados), subdividas em 16
subcategorias. A informação sobre a resposta do professor foi
recolhida com base no Physical Education Pupil Control
Inventory (PEPCI) (Henkel, 1991), compreendendo 22 categorias
de respostas, repartidas por 3 dimensões: Antecipação (A);
Tutorial: (T); Punição: (P). Acrescentou-se a dimensão Não Vê:
(N.V).
Procedimentos de análise de dados
Procedeu-se à análise exploratória dos dados por forma
a avaliarmos os pressupostos essenciais da análise estatística
descritiva, univariada e multivariada.
Para todos os testes estatísticos foi considerada uma
probabilidade de erro de p£0,05.
Conclusões
Em síntese, concluímos que os comportamentos
inapropriados na aula de EF são muito frequentes, na sua grande
maioria relacionados com a atividade e normalmente controlados
ou prevenidos através de intervenções verbais de carácter tutorial
ou antecipatório. A incidência dos comportamentos de
indisciplina é maior no início do ano do que numa fase mais
avançada do ano letivo. Os próprios alunos são capazes de
reconhecer que os professores mais eficazes na gestão da aula
demarcam com clareza, logo no início do ano, as fronteiras dos
comportamentos dos alunos na aula e as respetivas consequências
(Cothran, Kulinna & Garrahy, 2003; Supaporn, 2000).
A frequência dos comportamentos de indisciplina dos
alunos e de controlo do professor registam uma variação
intraindividual acentuada de aula para aula.
A experiência docente não se revelou como fator
distintivo consistente, quer no que respeita à incidência dos
comportamentos inapropriados, quer no que respeita às estratégias
de controlo.
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