A crise de sociabilidade em Portugal: um contributo histórico, etnológico e sociológico para a leitura da nossa sociedade actual
Resumo
Em 1974 dá-se a Revolução de Abril, que vai dar por findo o Estado Novo, caduco e esgotado. De repente tudo muda, pois o que era preciso era transformar para melhor. Contudo, um vazio político imperou até 1975, com um certo reaccionarismo de esquerda. Como salienta Mattoso (1994), durante meses multiplicaram-se as manifestações que lançaram nas ruas e nas praças dos principais centros urbanos e rurais do país, mas muito especialmente em Lisboa e no Porto, centenas de milhares de pessoas (p. 211), o que evidencia a perturbação política e social que se viveu no país.
Com este panorama político por base, assiste-se a uma transformação repentina e descoordenada da sociedade portuguesa, cheia de equívocos e conflitos de contornos imprevisíveis, sem tempo disponível de absorção por parte de quem tem o interesse na ascensão social. Nas sociedades ditas abertas, o indivíduo possui as mesmas probabilidades de ocupar a posição social que deseja desde que tenha a aptidão ou a competência, única restrição à ascensão social. No entanto, a situação de Portugal, com o poder a cair na rua, com excessos nas limitações aos direitos individuais dos cidadãos, permitia a perturbação da vida pública. Sublinha-se que neste Portugal em transe, em transformação, Mattoso (1994) diz que o nosso país é uma república de revolucionários entre 1974/1975, uma república de políticos entre 1976/1982, uma república de empresários entre 1982/1990 e uma república de financeiros e jornalistas a partir de então.
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Referências
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