Implicações das equipas educativas nas aprendizagens dos professores e nas práticas de sala de aula

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21814/rpe.33097

Palavras-chave:

Equipas Educativas, Colaboração, Aprendizagem Profunda, Práticas Pedagógicas

Resumo

Nas últimas décadas, a colaboração entre os professores tem sido objeto de estudo a nível global, e a literatura tem demonstrado que a maioria dos docentes já colabora entre si e parece apresentar uma mentalidade mais colegial e colaborativa. Porém, a colaboração realiza-se numa gramática organizacional espartilhada e rígida, sendo um conceito complexo, que pode concretizar-se de diferentes formas, dependendo do contexto em que ocorre, dos seus participantes, da intensidade das diferentes interações, do seu conteúdo e objetivos. Assim, procuramos, neste estudo, compreender o tipo de interações colaborativas existente entre professores a trabalhar em equipas educativas, assim como os seus efeitos na sua aprendizagem e nas práticas de sala de aula. Nesse sentido, adotamos um paradigma de investigação tendencialmente qualitativo, que operacionalizamos através de um estudo de caso, em que conjugamos uma abordagem quali-quanti. Para analisarmos a frequência e amplitude das interações entre os professores, optamos por uma estatística descritiva, que submetemos a uma análise e interpretação estrutural e semântica. Recorremos, também, a uma abordagem qualitativa, no sentido de aprofundarmos alguns contextos singulares e a perspetiva de atores individuais: diretor; coordenadores das equipas educativas; professores; técnicas educacionais; e alunos. Feita a análise de dados, concluímos que continuam a predominar, nas equipas educativas, práticas de colaboração simples, baseadas essencialmente no intercâmbio de informação e materiais, num contexto de colaboração artificial, confortável, balcanizada, debilmente convergente e escassamente ativa, sendo, ainda, raros os momentos de coconstrução. Estas dinâmicas colaborativas podem estar a limitar uma aprendizagem profunda dos professores e a explicar a mudança ténue e lenta das práticas de sala de aula.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografias Autor

Generosa Pinheiro Pinheiro, Universidade Católica Portuguesa, Portugal

Generosa Pinto Silva Vilela Pinheiro é professora do 3º ciclo do Ensino Básico do Quadro do Agrupamento de Escolas de Lobão, licenciada em Línguas e Literaturas Moderna (Variante de Português/Francês) pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e Mestre em Ciências da Educação pela Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa. Neste momento, é doutoranda em Ciências da Educação pela Universidade Católica Portuguesa e membro do Centro de Investigação em Desenvolvimento Humano da Universidade Católica Portuguesa.

José Matias Alves, Universidade Católica Portuguesa, Portugal

José Matias Alves é Professor Associado da Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa. Membro Integrado do Centro de Investigação em Desenvolvimento Humano da Universidade Católica Portuguesa. É autor de dezenas de artigos científicos, livros e capítulos de livros. Coordenador da Comissão de Avaliação de Relatórios Finais da área Ciências e Políticas de Educação_Fundação para a Ciência e Tecnologia do Governo de Portugal [2016-18; 2019_22].  

Referências

Afonso, N. (2014). Investigação naturalista em educação: Um guia prático e crítico. Fundação Manuel Leão.

Almeida, L., & Freire, T. (2017). Metodologia da investigação em psicologia e educação (5.ª Ed.). Psiquilíbrios.

Alves, J. M. (2017a). Autonomia e flexibilidade: Pensar e praticar outros modos de gestão curricular e organizacional. In C. Palmeirão & J. M. Alves (Coords.), Construir a autonomia e flexibilização curricular: Os desafios da escola e dos professores (pp.6-14). Universidade Católica Editora. https://repositorio.ucp.pt/bitstream/10400.14/25161/1/9789898835321.pdf

Alves, J. M. (2017b). Avaliação pedagógica: Alargar os horizontes da avaliação ao serviço das aprendizagens. In I. Cabral & J. M. Alves (Coords.), Da construção do sucesso escolar: Uma visão integrada (pp.141-172). Fundação Manuel Leão.

Alves, J. M. (2021). Uma gramática generativa e transformacional para gerar outra escola. In C. Palmeirão & J. M. Alves (Coords.), Mudança em movimento: Escolas em tempo de incerteza (pp.25-48). Universidade Católica Editora.

Bardin, L. (2013). Análise de conteúdo (L. A. Reto & A. Pinheiro, Trads., 2.ª Ed.). Edições 70.

Bolivar, A. (2016). Prefácio. In J. Formosinho, J. M. Alves & J. Verdasca (Eds.), Uma nova organização pedagógica da escola: Caminhos de possibilidades (pp. 7-11). Fundação Manuel Leão.

Cabral, I., & Alves, J. M. (2016a). Condições políticas, organizacionais e profissionais da promoção do sucesso escolar: Ensaio de sínteses. In J. Formosinho, J. M. Alves & J. Verdasca (Orgs.), Uma nova organização pedagógica da escola: Caminhos de possibilidades (pp. 161-179). Fundação Manuel Leão.

Cabral, I., & Alves, J. (2016b). Um Modelo Integrado de Promoção do Sucesso Escolar (MIPSE): A voz dos alunos. Revista Portuguesa de Investigação Educacional, (16), 81-113. https://doi.org/10.34632/investigacaoeducacional.2016.3422

Christodoulou, P., & Papanikolaou, A. (2023). Examining pre-service teachers’ critical thinking competences within the framework of education for sustainable development: A qualitative analysis. Education Sciences, 13(12), e1187. https://doi.org/10.3390/educsci13121187

Chua, W. C., Thien, L. M., Lim, S. Y., Tan, C. S., & Guan, T. E. (2020). Unveiling the practices and challenges of professional learning community in a Malaysian Chinese secondary school. SAGE Open, 10(2), 1-11. https://doi.org/10.1177/2158244020925516

Cochran-Smith, M., & Lytle, S. (1999). Relationships of knowledge and practice: Teacher learning in communities. Review of Research in Education, 24(1), 249-305. https://journals.sagepub.com/doi/pdf/10.3102/0091732X024001249

Coutinho, C. (2022). Metodologia de investigação em Ciências Sociais e Humanas: Teoria e prática (2.ª Ed.). Almedina.

Day, C. (2001). Desenvolvimento profissional de professores: Os desafios da aprendizagem permanente (M. A. Flores, Trad.). Porto Editora.

Day, C. (2023). Professionalism in practice: Contextual differences in understandings, practices, and effects of teacher autonomy. In I. Menter (Ed.), The palgrave handbook of teacher education research (pp. 787-808). Palgrave Macmillan. https://kclpure.kcl.ac.uk/portal/files/220332299/Complete_book_PDF.pdf

Drossel, K., Eickelmann, B., van Ophuysen, S., & Bos, W. (2019). Why teachers cooperate: An expectancy-value model of teacher cooperation. European Journal of Psychology of Education, 34(1), 187-208. https://doi.org/10.1007/s10212-018-0368-y

Fernandes, D. (2005). Avaliação das aprendizagens: Desafios às teorias, práticas e políticas. Texto Editores.

Figueiredo, A. D. (2017). Que competências para as novas gerações?. In A. Matos, G. Martins & P. Hanenberg (Coords.), O Futuro ao nosso alcance: Homenagem a Roberto Carneiro (pp. 325-333). Universidade Católica Portuguesa.

Figueiredo, A. D. (2021, fevereiro 5). A universidade em tempos de incerteza: Modelos e pedagogias [Apresentação em conferência]. In Workshop DEI. Universidade do Porto. https://doi.org/10.13140/RG.2.2.10150.86087

Formosinho, J., & Machado, J. (2009). Equipas educativas: Para uma nova organização da escola. Porto Editora.

Formosinho, J., & Machado, J. (2016a). Tipos de organização dos alunos na escola pública. In J. Formosinho, J. M. Alves & J. Verdasca (Orgs.), Uma nova organização pedagógica da escola: Caminhos de possibilidades (pp.19-38). Fundação Manuel Leão.

Formosinho, J., & Machado, J. (2016b). Diversidade discente e equipas educativas. In J. Formosinho, J. M. Alves & J. Verdasca (Orgs.), Uma nova organização pedagógica da escola: Caminhos de possibilidades (pp.39-69). Fundação Manuel Leão.

Fullan, M., & Hargreaves, A. (2001). Por que é que vale a pena lutar? O trabalho de equipa na escola (J. A. Lima, Trad.). Porto Editora.

Fullan, M., & Langworthy, M. (2014). A rich seam: How new pedagogies find deep learning. Pearson. https://www.michaelfullan.ca/wp-content/uploads/2014/01/3897.Rich_Seam_web.pdf

Gräsel, C., Fußangel, K., & Pröbstel, C. (2006). Lehrkräfte zur kooperation anregen: Eine aufgabe für Sisyphos?. Zeitschrift für Pädagogik, 52(2), 205-219. https://doi.org/10.25656/01:4453

Hargreaves, A. (2019). Teacher collaboration: 30 years of research on its nature, forms, limitations and effects. Teachers and Teaching, 25(5), 603-621. https://doi.org/10.1080/13540602.2019.1639499

Kelchtermans, G. (2009). O comprometimento profissional para além do contrato: Autocompreensão, vulnerabilidade e reflexão dos professores. In M. A. Flores & A. Veiga Simões (Orgs.), A aprendizagem e desenvolvimento profissional de professores: Contextos e perspectivas (pp. 61-98). Pedago.

Kelchtermans, G. (2023). Continuing professional development: Negotiating the zip. In I. Menter (Ed.), The palgrave handbook of teacher education research (pp. 551-574). Palgrave Macmillan. https://kclpure.kcl.ac.uk/portal/files/220332299/Complete_book_PDF.pdf

Lima, J. A. (2002). As culturas colaborativas nas escolas: Estruturas, processos, conteúdos. Porto Editora.

Lund, L. (2020). When school-based, in-service teacher training sharpens pedagogical awareness. Improving Schools, 23(1), 5-20. https://doi.org/10.1177/1365480218772638

Machado, J., & Formosinho, J. (2016). Equipas educativas e comunidades de aprendizagem. Revista Portuguesa de Investigação Educacional, (16), 11-31. https://doi.org/10.34632/investigacaoeducacional.2016.3419

Menter, I., & Flores, M. A. (2020). Connecting research and professionalism in teacher education. European Journal of Teacher Education, 44(1), 115-127. https://doi.org/10.1080/02619768.2020.1856811

Mezza, A. (2022). Reinforcing and innovating teacher professionalism: Learning from other professions. (OECD Education Working Paper No. 276). OCDE Publishing. https://dx.doi.org/10.1787/117a675c-en

Mockler, N. (2005). Trans/forming teachers: New professional learning and transformative teacher professionalism. Journal of In-service Education, 31(4), 733-746. https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/13674580500200293

Nilsson Brodén, D. (2022). Cross-sector and interprofessional collaborations: A powerful tool for the teaching profession?. (OECD Education Working Paper No. 283). OECD Publishing. https://doi.org/10.1787/7144c6ac-en

Nóvoa, A. (2022). Conhecimento profissional docente e formação de professores. Revista Brasileira de Educação, 27, e270129. https://doi.org/10.1590/S1413-24782022270129

Nóvoa, A., & Alvim, Y. (2022). Escolas e professores. Proteger, transformar, valorizar. SEC/IAT. https://rosaurasoligo.files.wordpress.com/2022/02/antonio-novoa-livro-em-versao-digital-fevereiro-2022.pdf

OECD. (2019). Trends shaping education 2019. OECD Publishing. https://dx.doi.org/10.1787/trends_edu-2019-en

OECD. (2020). TALIS 2018 results: Teachers and school leaders as valued professionals (Vol. II). OECD Publishing. https://doi.org/10.1787/19cf08df-en

Oliveira, M. (2021). Atribuição de causalidade, desempenho escolar e currículos socioemocionais: Aproximações críticas entre sociologia e psicologia da educação. Revista Educação Online, 16(37), 35-54. https://doi.org/10.36556/eol.v16i37.953

Pacheco, J. (2019). Inovar para mudar a escola. Porto Editora.

Palmeirão, C., & Alves, J. M. (2017). Construir a autonomia e flexibilização curricular: Os desafios da escola e dos professores. Universidade Católica Editora. https://repositorio.ucp.pt/bitstream/10400.14/25161/1/9789898835321.pdf

Pellegrino, J. W. (2017). Teaching, learning and assessing 21st century skills. In Guerriero, S. (Ed.), Pedagogical knowledge and the changing nature of the teaching profession (pp. 223-251). OCDE Publishing. https://doi.org/10.1787/9789264270695-en

Pozas, M., & Letzel-Alt, V. (2023). Teacher collaboration, inclusive education and differentiated instruction: A matter of exchange, co-construction, or synchronization?. Cogent Education, 10(2), e2240941. https://doi.org/10.1080/2331186X.2023.2240941

Roldão, M. C. (2005). Profissionalidade docente em análise: Especialidades dos ensinos superior e não superior. Nuances: Estudos sobre a Educação, 12(13), 105-126. https://doi.org/10.14572/nuances.v12i13.1692

Roldão, M. C. (2007). Função docente: Natureza e construção do conhecimento profissional. Revista Brasileira de Educação, 12(34), 94-181. https://doi.org/10.1590/S1413-24782007000100008

Roldão, M. C. (2017). Conhecimento, didática e compromisso: O triângulo virtuoso de uma profissionalidade em risco. Cadernos de Pesquisa, 47(166), 1134-1149.

http://dx.doi.org/10.1590/198053144367

Roldão, M. C., & Almeida, S. (2018). Gestão curricular para a autonomia das escolas e professores. Direção Geral de Educação. https://www.dge.mec.pt/sites/default/files/Curriculo/AFC/livro_gestao_curricular.pdf

Sachs, J. (2016). Teacher professionalism: Why are we still talking about it?. Teachers and

Teaching, 22(4), 413-425. http://dx.doi.org/10.1080/13540602.2015.1082732

Schön, D. (1997). Formar professores como profissionais reflexivos. In A. Nóvoa (Org.), Os professores e a sua formação (3.ª Ed., pp. 79-91). Dom Quixote.

Tracy, S. J. (2020). Qualitative research methods: Collecting evidence, crafting analysis, communicating impact (2nd Ed.). Wiley-Blackwell.

Trindade, R. (2017). A revolução pedagógica do século XXI: Continuidades e ruturas. In I. Cabral & J. M. Alves (Coords.), Da construção do sucesso escolar: Uma visão integrada (pp.173-184). Fundação Manuel Leão.

Vedder-Weiss, D., Sabag-Cohen, R., & Feniger, Y. (2020). The role of motivational structures in teacher professional learning communities. In M. Gresalfi & I. S. Horn (Eds.), The interdisciplinarity of the learning sciences (pp. 2221-2224). International Society of the Learning Sciences.

Verdasca, J. L. C., & Cruz, T. (2006). O projeto “TurmaMais”: Dialogando em torno de uma experiência no combate ao insucesso e abandono escolar. Revista Portuguesa de Investigação Educacional, (5), 114-128. https://doi.org/10.34632/investigacaoeducacional.2006.3285

Viesca, K. M., Goodwin, A. L., Warinowski, A., & Mikkilä-Erdmann, M. (2023). Towards internationally shared principles of quality teacher education: Across Finland, Hong Kong, and the United States. In I. Menter (Ed.), The palgrave handbook of teacher education research (pp. 317-340). Palgrave Macmillan. https://kclpure.kcl.ac.uk/portal/files/220332299/Complete_book_PDF.pdf

Downloads

Publicado

2024-10-18

Como Citar

Pinheiro, G. P., & Matias Alves, J. (2024). Implicações das equipas educativas nas aprendizagens dos professores e nas práticas de sala de aula . Revista Portuguesa De Educação, 37(2), e24035. https://doi.org/10.21814/rpe.33097