Percursos escolares e participação social dos jovens: As origens de classe ainda são relevantes?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21814/rpe.33852

Palavras-chave:

Ensino Secundário, Atividades extracurriculares, Percursos juvenis, Socialização, Desigualdades

Resumo

O presente artigo discute até que ponto as origens sociais são condicionantes dos percursos escolares e de participação social dos jovens, no Portugal contemporâneo. Para isso, num primeiro momento, procede a um levantamento de diferentes filões de pesquisa que, a nível nacional e internacional, têm abordado esta questão. Explicitam-se os protocolos metodológicos e, em seguida, apresenta-se e discute-se um conjunto de dados obtidos a partir de um inquérito aplicado pela Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência a uma amostra nacional dos estudantes no 10.º ano de escolaridade (n= 241.341). Os resultados apontam para percursos escolares e, em menor escala, indicam, também, taxas de participação social ainda bastante marcados por desigualdades familiares, num padrão de sucessivas (des)vantagens que se vão acumulando ao longo das trajetórias infantis e juvenis.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Abrantes, P. (2022a). Educação e classes sociais em Portugal: Continuidades e mutações no século XXI. Sociologia, Problemas e Práticas, (99), 9-27. http://doi.org/10.7458/SPP20229924309

Abrantes, P. (2022b). Têm os Territórios Educativos de Intervenção Prioritária mitigado as desigualdades educativas e sociais? Cidades, Comunidades e Territórios, (45), 147-160. https //doi.org/10.15847/cct.27404

Abrantes, P., & Roldão, R. (2019). The (mis)education of African descendants in Portugal: Towards vocational traps? Portuguese Journal of Social Science, 18(1), 27-55. http://dx.doi.org/10.1386/pjss.18.1.27_1

Abrantes, P., & Santos, S. (2022). Correndo para o topo? Socialização e percursos de vida dos jovens advogados de negócios. Análise Social, 57(244), 470-494. https://doi.org/10.31447/AS00032573.2022244.02

Adler, P. A., & Adler, P. (1994). Social reproduction and the corporate other: The institutionalization of afterschool activities. The Sociological Quarterly, 35(2), 309-328. http://dx.doi.org/10.1111/j.1533-8525.1994.tb00412.x

Albuquerque, A., Seabra, T., & Martins, S. (2022). Seletividade social na escola básica portuguesa: Dinâmicas, condições e políticas (2008-2018). Análise Social, 57(244), 520-543. https://doi.org/10.31447/as00032573.2022244.04

Antunes, F., & Sá, V. (2010). Estado, escolas e famílias: Públicos escolares e regulação da educação. Revista Brasileira de Educação, 15(45), 468-486. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-24782010000300006

Ball, S. (2004). Performatividade, privatização e o pós-Estado do bem-estar. Educação & Sociedade, 25(89), 1105-1126. http://dx.doi.org/10.1590/S0101-73302004000400002

Benavente, A., Campiche, J., Seabra, T., & Sebastião, J. (1994). Renunciar à escola: O abandono escolar no ensino básico. Fim de Século.

Berghammer, C. (2012). Family life trajectories and religiosity in Austria. European Sociological Review, 28(1), 127-144. http://dx.doi.org/10.1093/esr/jcq052

Böhler, J., Fennes, H., Karsten, A., Mayerl, M., Pitschmann, A., & Roth, C. L. (2019). Effects and outcomes of the Erasmus+ Youth in Action Programme from the perspective of project participants and project leaders: Transnational analysis 2017/2018. Generation and Educational Science Institute. https://www.academia.edu/57208558/Effects_and_outcomes_of_the_Erasmus_Youth_in_Action_Programme_Transnational_Analysis_2017_2018

Bonal, X., & González, S. (2021). Educación formal e informal en confinamiento: Una creciente desigualdad de oportunidades de aprendizaje. Revista de Sociología de la Educación, 14(1), 44-62. https://doi.org/10.7203/RASE.14.1.18177

Bourdieu, P., & Champagne, P. (1993). Les exclus de l’intérieur. In P. Bourdieu (Org.), La misère du monde (pp. 597-603). Seuil.

Bourdieu, P., & Passeron, J.-C. (n.d.). A reprodução: Elementos para uma teoria do sistema de ensino (C. P. Silva, Trad.). Vega.

Bowles, S., & Gintis, H. (1976). Schooling in capitalist America: Educational reform and the contradictions of economic life. Basic Books.

Bradley, J. L., & Conway, P. F. (2016). A dual step transfer model: Sport and non-sport extracurricular activities and the enhancement of academic achievement. British Educational Research Journal, 42(4), 703-728. http://dx.doi.org/10.1002/berj.3232

Broccolichi, S., & van Zanten, A. (1997) Espaces de concurrence et circuits de scolarisation : L’évitement des collèges publics d’un district de la banlieue parisienne. Annales de la Recherche Urbaine, (75), 5-17. http://dx.doi.org/10.3406/aru.1997.2088

Costa, A. F. (1999). Sociedade de bairro: Dinâmicas sociais da identidade cultural. Celta Editora.

Costa, A. F., & Mauritti, R. (2018). Classes sociais e interseções de desigualdades: Portugal e a Europa. In R. M. Carmo, J. Sebastião, S. C. Martins, J. Azevedo & A. F. Costa (Orgs.), Desigualdades sociais: Portugal e a Europa (pp. 109-129). Mundos Sociais.

Daenekindt, S., & Roose, H. (2013). A mise-en-scène of the shattered habitus: The effect of social mobility on aesthetic dispositions towards films. European Sociological Review, 29(1), 48-59. http://dx.doi.org/10.1093/esr/jcr038

Dale, R., & Robertson, S. (Eds.). (2009). Globalization and Europeanisation in education: Quality, equity and democracy. Symposium Books.

Dewey, A. M. (2021). Shaping the environmental self: The role of childhood experiences in shaping identity standards of environmental behavior in adulthood. Sociological Perspectives, 64(4), 657-675. http://dx.doi.org/10.1177/0731121420981681

Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência [DGEEC]. (2020). Perfil escolar das comunidades ciganas 2018/19. https://www.dgeec.medu.pt/art/6499de939eff36f307f07bdc/64ad247b8e5ca5b1c8676278/64f1c00e6358acfd7e9faa11/65798c4e48cf33c04d6c3615

Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência [DGEEC]. (2021). Frequência de atividades complementares de apoio ao estudo no final do secundário. https://www.dgeec.medu.pt/api/ficheiros/657a1be6c02216ed489b9968

Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência [DGEEC]. (2023). Educação em números 2023. https://pessoas2030.gov.pt/2023/08/17/portugal-2023-relatorio-anual-da-dgeec/

Dubet, F. (2008). Faits d’école. Éditions de l’EHESS.

Dubet, F., & Martuccelli, D. (1996). A l’école : Sociologie de l'expérience scolaire. Éditions du Seuil.

Duru-Bellat, M. (2002). Les inégalités sociales à l’école : Genèse et mythes. PUF.

European Youth Forum (2003). Youth organisations as non-formal educators: Recognising our role – Rome, 2003. https://tools.youthforum.org/policy-library/wp-content/uploads/2021/04/2003-youth-orgs-as-providers-NFE.pdf

Felouzis, G. (2014). Les inégalités Scolaires. PUF.

Ferreira, P. M. (2008). Associações e democracia: Faz o associativismo alguma diferença na cultura cívica dos jovens portugueses? Sociologia, Problemas e Práticas, (57), 109-130. https://sociologiapp.iscte-iul.pt/fichaartigo.jsp?pkid=10092

Ferro, L. (2011). Da rua para o mundo: Configurações do graffiti e do parkour e campos de possibilidades urbanas [Tese de doutoramento publicada]. Instituto Universitário de Lisboa. https://repositorio.iscte-iul.pt/handle/10071/4223

Friesenhahn, G. J., Schild, H., Wicke, H.-G., & Balogh, J. (Eds.). (2013). Learning mobility and non-formal learning in European contexts: Policies, approaches and examples. Council of Europe and the European Commission. https://pjp-eu.coe.int/en/web/youth-partnership/learning-mobility-and-non-formal-learning

Gabinete de Estatística e Planeamento da Educação [GEPE]. (2011). Estudantes à Entrada do Secundário – 2010/2011. ME/GEPE.

Garcia, S. (2019). Le goût de l’effort: La construction familiale des dispositions scolaires. PUF.

Gewirtz, S., Ball, S., & Bowe, R. (1995). Markets, choice and equity in education. Open University Press. https://archive.org/details/marketschoiceequ0000gewi

Henry, E. E., & Hankins, K. (2012). Halting white flight: Parent activism and the (re)shaping of Atlanta’s “circuits of schooling,” 1973-2009. Journal of Urban History, 38(3), 532-552. http://dx.doi.org/10.1177/0096144212439707

Justino, D., & Santos, R. M. (Coords.). (2017). Atlas da educação 2017: Contextos sociais e locais do sucesso e insucesso. Projeto ESCXEL - Rede de Escolas de Excelência, CICS.NOVA. https://www.adcoesao.pt/atlas-da-educacao-2017-contextos-sociais-e-locais-do-sucesso-e-insucesso/

King, K. (1982). Formal, nonformal and informal learning: Some North-South contrasts. International Review of Education, 28, 177-187. http://dx.doi.org/10.1007/BF00598445

Lahire, B. (2001). Homem plural: As molas da acção (J. L. Godinho, Trad.). Instituto Piaget.

Lahire, B. (Ed.). (2019). Enfances de classe: De l’inégalité parmi les enfants. Éditions du Seuil.

Lima, L. C., & Torres, L. L. (2020). Políticas, dinâmicas e perfis dos agrupamentos de escolas em Portugal. Análise Social, 55(237), 748-774. https://doi.org/10.31447/AS00032573.2020237.03

Lobo, M. C., & Sanches, E. R. (2017). Os jovens perante a política: Mudanças e continuidades entre 2007 e 2015. In V. S. Ferreira, M. C. Lobo, J. Rowland & E. R. Sanches, Geração milénio? Um retrato social e político (pp. 123-153). Imprensa de Ciências Sociais.

Lopes, J. T. (2000). A cidade e a cultura: Um estudo sobre práticas culturais urbanas. Edições Afrontamento.

Mallman, M. (2017). Not entirely at home: Upward social mobility and early family life. Journal of Sociology, 53(1), 18-31. http://dx.doi.org/10.1177/1440783315601294

Martins, S. C. (2022). Democratização e desigualdades no sistema educativo português: Atender ao presente e perspetivar o futuro. In Conselho Nacional da Educação, Estado da Educação 2021 (pp. 458-471). Conselho Nacional de Educação. https://www.cnedu.pt/pt/noticias/cne/1874-estado-da-educacao-2021

Pais, J. M., Magalhães, P., & Antunes, M. L. (Orgs.). (2022). Práticas culturais dos portugueses. Instituto de Ciências Sociais.

Palhares, J. A. (2009). Reflexões sobre o não-escolar na escola e para além dela. Revista Portuguesa de Educação, 22(2), 53-84. http://dx.doi.org/10.21814/rpe.13966

Palhares, J. A. (2019). Educação e aprendizagens não formais e informais de jovens no ensino secundário: Contributos críticos à compartimentação educativa. In A. J. Afonso & J. A. Palhares (Orgs.), Entre a escola e a vida: A condição de jovem para além do ofício de aluno (pp. 159-182). Fundação Manuel Leão.

Petev, I. D. (2013). The association of social class and lifestyles: Persistence in American sociability, 1974 to 2010. American Sociological Review, 78(4), 633-661. http://dx.doi.org/10.1177/0003122413491963

Quaresma, L. (2015). Entre a fruição do presente e o investimento no futuro: Práticas extracurriculares estudantis em colégios privados. Educação em Revista, 31(03), 97-118. http://dx.doi.org/10.1590/0102-4698129417

Saraví, G. (2015). Juventudes fragmentadas: Socialización, clase y cultura en la construcción de la desigualdad. FLACSO México. https://www.academia.edu/9666458/Juventudes_Fragmentadas_Socializaci%C3%B3n_Clase_y_Cultura_en_la_Construcci%C3%B3n_de_la_Desigualdad

Silva, N. M., Pinheiro, S., & Silva, S. M. (2022). Culturas de participação de jovens: O caso das regiões fronteiriças em Portugal. Sociologias, 24(60), 268-301. https://doi.org/10.1590/18070337-112385

Souto-Otero, M. (2016). Young people’s views of the outcomes of non-formal education in youth organisations: Its effects on human, social and psychological capital, employability and employment. Journal of Youth Studies, 19(7), 938-956. http://dx.doi.org/10.1080/13676261.2015.1123234

Smith, M. K. (2007). Beyond the curriculum: Fostering associational life in schools. In Z. Bekerman, N. C. Burbules & D. Silberman-Keller (Eds.), Learning in places: The informal education reader (pp. 9-33). Peter Lang Publishing.

Torres, L. L. (2019). A narrativa da excelência na escola e no trabalho: Ilusões e paradoxos da cultura meritocrática. In A. J. Afonso, & J. A. Palhares (Orgs.), Entre a escola e a vida: A condição de jovem para além do ofício de aluno (pp. 49-72). Fundação Manuel Leão.

Torres, L. L., Dionísio, B., & Alves, M. G. (2023). L’art de bien confiner: Les routines d’accompagnement scolaire des familles portugaises en temps de pandémie. Éducation Comparée, 26(2), 21-53. http://hdl.handle.net/10174/34378

Torres, L. L., & Palhares, J. A. (Orgs.). (2017). A excelência académica na escola pública portuguesa. Fundação Manuel Leão.

Verhoeven, M. (2011). Multiple embedded inequalities and cultural diversity in educational systems: A theoretical and empirical exploration. European Educational Research Journal, 10(2), 189-203. https://doi.org/10.2304/eerj.2011.10.2.189

Vincent, C., & Ball, S. J. (2007). ‘Making up’ the middle-class child: Families, activities and class dispositions. Sociology, 41(6), 1061-1077. http://dx.doi.org/10.1177/0038038507082315

Whitty, G., Power, S., & Halpin, D. (1998). Devolution and choice in education. Open University Press.

Downloads

Publicado

2024-06-27

Como Citar

Abrantes, P., Palhares, J. A., & Torres, L. L. (2024). Percursos escolares e participação social dos jovens: As origens de classe ainda são relevantes?. Revista Portuguesa De Educação, 37(1), e24017. https://doi.org/10.21814/rpe.33852