EFEITO DA UTILIZAÇÃO DE MOCHILAS COM DIFERENTES PESOS NA ACELERAÇÃO DO TRONCO EM CRIANÇAS: UMA ANÁLISE COMPORTAMENTAL
DOI:
https://doi.org/10.25746/ruiips.v7.i2.19312Palavras-chave:
Acelerómetro, Crianças, Mochilas, Sistemas dinâmicosResumo
A mochila de ombros é o implemento mais utilizado para transporte de material escolar. Cerca de 25% da população infantil escolar queixa-se de dores osteomusculares, muitas vezes associadas ao peso excessivo das mochilas escolares (Ries, Martinello, Medeiros, Cardoso, & Santos, 2012). Os maus hábitos de uso de mochila persistem ao longo dos anos escolares e, consequentemente, levam a problemas crónicos osteomusculares, os quais podem agravar-se até à idade adulta (Jardim, 2013). Apesar destes sintomas estarem associados a outros fatores, supõe-se que estes podem estar associados à sobrecarga de peso a que estas crianças são sistematicamente expostas. Por este motivo, foi realizada uma petição à Assembleia da Republica em Portugal, onde era sugerida legislação definitiva que determinasse que as mochilas das crianças não devessem ultrapassar os 10% do seu peso corporal, e que as escolas regulassem semanalmente a carga mínima necessária para as atividades escolares.
A teoria dos sistemas dinâmicos pressupõe que o comportamento motor é uma consequência de uma rede de sistemas codependentes (e.g., músculo-esquelético, nervoso, respiratório, etc.), da qual os padrões motores emergem através de processos de auto-organização (Glazier, Davids, & Bartlett, 2003; Kelso, 1995; Williams, Davids, & Williams, 1999).
O objetivo deste estudo é o de verificar se as crianças revelam reajustamento postural (parâmetro de ordem) quando constrangidas a mochilas com diferentes pesos (parâmetro de controlo).
A amostra compôs-se por dezasseis crianças com idades compreendidas entre os 8 e 9 anos do 1.º ciclo do ensino básico. Cada criança realizou um percurso de 5 metros com mochila, nas seguintes condições: i) sem peso acrescentado; ii) com 3kg acrescentados; e, iii) com 5kg acrescentados. Foram registados os valores de aceleração tridimensionais em unidades g, recolhidos através da aplicação Physics Toolbox Suite (Vyera Software) instalada num smartphone ZTE. Os dados foram filtrados e suavizados em cada uma das componentes do eixo tridimensional no software MatLab (The MathWorks,Inc), através de um filtro passa-alto. Para comparação entre condições foi usado o teste de Friedman (χr2), seguido do teste Wilcoxon (T), com correção Bonferroni.
Não se observaram alterações significativas entre condições para as componentes vertical (χr2=1,625, ns) e antero-posterior (χr2=0,375, ns). No entanto, para a componente mediolateral, ocorreu diferença significativa entre condições (χr2=15,500; p˂0,001); atribuível a uma redução significativa da aceleração da condição sem carga adicional para a com adição de 3kg (T=-2,741; p≤0,01), e da condição sem carga adicional para a com adição de 5kg (T=-3,206; p≤0,001). Como a mochila está fixa ao tronco e este possui uma série de graus de liberdade permitidos pela coluna vertebral, deduzimos que as crianças buscam uma solução motora mais estável quando sujeitas ao peso adicional, provavelmente através da redução dos graus de liberdade; ou seja, confrontadas com um constrangimento da tarefa (acréscimo de peso) deve ter ocorrido um processo de compressão dimensional (Santos, Branco, & Catela, 2015).
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