UMA PAISAGEM EM MUTAÇÃO: O CASO DO BAIRRO DOS PESCADORES EM MAPUTO, MOÇAMBIQUE
DOI:
https://doi.org/10.18055/Finis17838Resumen
A zona costeira de Maputo representa o último reduto de terra livre na capital moçambicana, ao mesmo tempo que se torna o bastião da imagem da cidade neoliberal preconizada. Na prática, entre propostas e projetos de intervenção diversos, orientados sobretudo para a lógica de mercado, bairros de cariz autoproduzido vão tecendo uma morfologia urbana própria, intrinsecamente ligada à sobreposição de sistemas da paisagem, nomeadamente às zonas de mangal. Considerando que só existe uma paisagem, a humanizada e as suas dinâmicas, resultantes de um acto cultural, procuramos entender a zona costeira de Maputo enquanto sistema, fruto de múltiplos factores naturais e sociais, cujas dinâmicas se vão alterando ao longo do tempo. Com base em trabalho de campo recente, realizado no quadro de uma investigação de doutoramento em curso, caracteriza-se a morfologia da cidade auto-produzida em zonas ecologicamente vulneráveis, de forma a entender as dinâmicas da paisagem à luz da produção do espaço. Tomando como caso-estudo o Bairro dos Pescadores, realiza-se uma análise morfológica do tecido urbano e da sua relação com a paisagem que o circunda, bem como da sua evolução ao longo do tempo. Ao cartografar as interações entre a progressão e densificação do tecido urbano e a paisagem onde se insere reflecte-se sobre a influência destes elementos na morfologia do bairro e o seu significado para os moradores.
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