O corpo e o som como estimuladores dos processos interativos em jovens com necessidades educativas especiais
DOI:
https://doi.org/10.29352/mill0210.06.00252Palavras-chave:
Necessidades Educacionais Especiais, Estímulo Sonoro-Motor, Som Corporal, Interatividade, Digital SockResumo
Introdução: Inserido no âmbito do desenvolvimento de um instrumento musical digital, o Digital Sock, apresentamos neste documento os resultados obtidos da análise do ciclo interativo psicopedagógico no qual investigamos o instrumento como ferramenta de estimulação sonora em processos interativos entre corpo-instrumento-ambiente.
Objetivos: Análise do ciclo de interação psicopedagógica que investiga a relação entre corpo e som, com o novo instrumento, o Digital Sock, como dispositivo estimulador de processos comunicacionais.
Métodos: A metodologia utilizada para esta investigação foi a investigação-ação. Na primeira fase, realizamos uma intervenção psicopedagógica com jovens em Educação Especial. Na segunda fase, realizamos um Estudo de Caso com um jovem diagnosticado com Perturbação do Espectro do Autismo. Para a recolha dos dados utilizámos os meios audiovisuais e o diário de campo, a entrevista focalizada, a observação participante e a análise documental. Para a interpretação dos dados realizámos a análise do discurso e a análise de conteúdo. O modelo de atuação utilizado durante as duas fases da intervenção prática priorizou a integração da música e do movimento corporal (Dalcroze, 1920; Pederiva, 2004; Santiago, 2008; Storolli, 2011); a formação do gesto cénico (Laban, 1978; Katz, 2005; Miller, 2007; Greiner & Amorim, 2010; Miller, 2012; Amaral, 2015; Roquet, 2017); a prática lúdica (Lapierre, 1982; Fonseca, 2001; Acouturier & Lapierre, 2004; Vieira, Batista & Lapierre, 2005); a improvisação criativa (Nordoff & Robins, 1959; Bruscia, 1999) e a crença de que o som e a música permitem a comunicação entre pares (Benenzon, 1981; Whipple, 2004).
Resultados: A relação corpo-som como meio de expressão demonstrou ser capaz de estimular processos criativos e o desenvolvimento do pensamento crítico e reflexivo. Todas as atividades desenvolvidas durante as reuniões priorizaram a relação corpo-som. A análise das narrativas mostrou que a mensagem propagada através da meia (a sonoridade) era entendida como uma reação ao som ouvido durante o exercício (com codificação e decodificação individual) e expressa através dos olhos das mãos, expressão facial e equilíbrio corporal - movimentos subtis, mais visíveis que os movimentos amplos.
Conclusões: A interpretação dos dados levou-nos a concluir que o Digital Sock, percebido como ferramenta psicopedagógica de estimulação sonora e gestual, favorece o desenvolvimento de narrativas cénico-musicais em jovens com Necessidades Educativas Especiais.
Downloads
Referências
Acouturier, B., & Lapierre, A. (2004). A simbologia do movimento: psicomotricidade e educação. 3ª ed. Curitiba: Filosofart e CIAR.
Amaral, A. C. (2015). Dança e Mimese corpórea. Conceição. Concept., Campinas, SP, 4, (2) 65-76
Benenzon, R. (1981). Manual de Musicoterapia. Barcelona: Editorial Paidós, Ibérica S.A.
Bruscia, K. E. (1999). Modelos de improvisación en musicoterapia, Barcelona Publisher.
Carmo, H., & Ferreira, M.M. (1998). Metodologia da Investigação: Guia para Auto-aprendizagem. Lisboa: Universidade Aberta.
Dalcroze, E. J. (1920). Le Rythme, La musique et l’éducation. Paris, França: Jobin e Cie.
Fonseca, V. (2001). Psicomotricidade: perspectivas multidisciplinares. Lisboa: Ancora.
Greiner, C., & Amorim, C. (2010). Leituras do corpo. São Paulo: Annablume.
Katz, H. (2005). Um, dois, três. A dança é o pensamento do corpo. Belo Horizonte: Fid Editorial.
Katz, H. & Greiner, C. (2005). Por uma teoria do corpomídia ou a questão epistemológica do corpo. Colección Teoría de las Artes Escénicas – Archivo Virtual: Retreived from: http://artesescenicas.uclm.es/index.php?sec=texto&id=237 .
Laban, R. (1978). Domínio do Movimento. São Paulo: Summus Editorial.
Lapierre, A. (1982). Reeducação física: cinesiologia, reeducação postural, reeducação psicomotora Vol. II. (6ª ed.) São Paulo: Manole.
Miller, J. (2007) A escuta do corpo: sistematização da técnica Klauss Vianna. São Paulo: Summus.
Miller, J. (2012). Qual é o corpo que dança-dança e educação somática para adultos e crianças. São Paulo: Summus Editorial.
Nordoff, P., & Robbins, C. (1971). Therapy in music for handicapped children. London, UK: Victor Gollancz Ltd.
Nordoff, P., & Robbins, C. (1977). Creative music therapy: Individualized treatment for the handicapped child. New York, NY: John Day Company.
Nordoff, P., & Robbins, C. (2007). Creative music therapy: A guide to fostering clinical musicianship. (2nd ed.). Gilsum, NH: Barcelona Publishers.
Pederiva, P. L. (2004) A relação músico-corpo-instrumento: procedimentos pedagógicos. Revista da ABEM, Porto Alegre, 11, 91-98.
Roquet, C. (2017). Ler o gesto, uma ferramenta para a pesquisa em dança. Revista Cena, n.22. Programa de Pós-graduação em Artes Cênicas, Porto Alegre - RS, Brasil
Santiago, P. F. (2008) Dinâmicas corporais para a educação musical: a busca por uma experiência musicorporal. Revista da ABEM, Porto Alegre, 19, 45-55.
Schafer, M. (1991). O Ouvido Pensante. São Paulo: Fundação Editora da UNESP.
Storolli, W. M. (2011). O corpo em ação: a experiência incorporada na prática musical. Revista da ABEM, Londrina, 19 (25) 131-140.
Whipple, J. (2004). Music in intervention for children and adolescents with autism: A meta-analysis. Journal of Music Therapy, 41, (2), 9–106.
Vieira, L., Batista, M.I.B. & Lapierre, A. (2005). Psicomotricidade Relacional: a teoria de uma prática. Curitiba: Filosofart/CIAR.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Secção
Licença
Os autores que submetem propostas para esta revista concordam com os seguintes termos:
a) Os artigos são publicados segundo a licença Licença Creative Commons (CC BY 4.0), conformando regime open-access, sem qualquer custo para o autor ou para o leitor;
b) Os autores conservam os direitos de autor e concedem à revista o direito de primeira publicação, permitindo-se a partilha livre do trabalho, desde que seja corretamente atribuída a autoria e publicação inicial nesta revista.
c) Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
d) Os autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir o seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publica
Documentos necessários à submissão
Template do artigo (formato editável)

