Influência das características sociodemográficas e familiares na adesão ao tratamento das pessoas hipertensas na comunidade

Autores

  • Cátia Pinto Unidade Móvel do Município de Castro Daire, Castro Daire, Portugal
  • Cláudia Chaves Instituto Politécnico de Viseu, Escola Superior de Saúde, Viseu, Portugal | Health Sciences Research Unit: Nursing (UICISA: E), Coimbra, Portugal https://orcid.org/0000-0002-8103-7221
  • João Duarte Instituto Politécnico de Viseu, Escola Superior de Saúde, Viseu, Portugal
  • Odete Amaral Instituto Politécnico de Viseu, Escola Superior de Saúde, Viseu, Portugal | Health Sciences Research Unit: Nursing (UICISA: E), Coimbra, Portugal https://orcid.org/0000-0002-3382-6074
  • Amadeu Gonçalves Instituto Politécnico de Viseu, Escola Superior de Saúde, Viseu, Portugal https://orcid.org/0000-0001-5591-9610

DOI:

https://doi.org/10.29352/mill029e.25070

Palavras-chave:

adesão à medicação, família, hipertensão, prevalência

Resumo

Introdução: A hipertensão arterial apresenta uma elevada prevalência sendo considerada um problema de saúde pública. Um dos obstáculos do controlo da hipertensão é a não adesão ao tratamento.

Objetivo: Identificar variáveis sociodemográficas e familiares que interferem na adesão ao tratamento de pessoas com hipertensão arterial em contexto comunitário.

Métodos: Estudo transversal analítico. A amostra foi de 235 pessoas com hipertensão arterial e utilizadores da Unidade Móvel de Saúde de Castro Daire. Os dados foram recolhidos em 2015 através de um questionário composto por variáveis sociodemográficas, Escala de Apgar Familiar e Escala de Medida de Adesão aos Tratamentos (MAT). A análise dos dados efetuou-se no SPSS 23.0 com o recurso à estatística descritiva e inferencial.

Resultados: A maioria da amostra era do sexo feminino (63,8%) com idade média 75±8,14 anos. Apenas 34,5% dos indivíduos hipertensos apresentavam tensão arterial controlada, sendo 28,2% homens e 38% mulheres. A MAT revelou uma média de 5,66±0,49 pontos e quase 45% da população não adere ao tratamento. Os participantes com maiores níveis de adesão ao tratamento eram do sexo masculino, com idades ≤ 64 anos, sem companheiro, viver sozinhos, sem habilitações literárias, reformados, com rendimentos inferiores, com apoio social, mas sem diferenças significativas.

Conclusão: Mais de metade dos indivíduos não apresentava a pressão arterial controlada e quase metade da amostra não adere ao tratamento. Não encontrámos variáveis associadas com a adesão ao tratamento.

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Publicado

2021-11-30

Como Citar

Pinto, C. ., Chaves, C., Duarte, J., Amaral, O., & Gonçalves, A. . (2021). Influência das características sociodemográficas e familiares na adesão ao tratamento das pessoas hipertensas na comunidade . Millenium - Journal of Education, Technologies, and Health, 2(9e), 197–206. https://doi.org/10.29352/mill029e.25070

Edição

Secção

Ciências da vida e da saúde