Compaixão – um imperativo para a formação e a prática de enfermagem

Autores

  • Luís Condeço Instituto Politécnico de Viseu, Viseu, Portugal | Universidade Católica Portuguesa, Porto, Portugal | Centro de Investigação Interdisciplinar em Saúde (CIIS), Porto, Portugal https://orcid.org/0000-0002-4165-7477

DOI:

https://doi.org/10.29352/mill0227.40980

Palavras-chave:

compaixão; empatia; cuidados de enfermagem; educação em enfermagem

Resumo

Historicamente alicerçada em valores éticos, religiosos e filosóficos, a compaixão é entendida como uma resposta sensível ao sofrimento do outro, acompanhada de uma intenção genuína de o aliviar. Florence Nightingale, referência fundadora da enfermagem moderna, já a considerava como atributo indispensável, capaz de conferir significado ao cuidado e dignidade ao paciente (Straughair, 2012).

Nas últimas décadas, o conceito tem sido revisto à luz dos desafios emergentes na prestação de cuidados em contextos cada vez mais complexos e exigentes. A publicação do Francis Report (2013) marcou um ponto de viragem, essencialmente no Reino Unido, ao evidenciar os riscos da desvalorização do cuidado compassivo nas organizações de saúde. Desde então, a promoção da compaixão tornou-se não apenas uma aspiração ética, mas também uma exigência para a qualidade e segurança dos cuidados de saúde prestados.

A compaixão na enfermagem é frequentemente associada e relacionada com a empatia e o cuidado, envolvendo a perceção do sofrimento, a capacidade de se conectar com a pessoa cuidada e o compromisso com a sua dignidade (Gilbert et al., 2017; Von Dietze & Orb, 2000). Para o National Health Service, esta competência manifesta-se na prestação de cuidados baseados no respeito e na sensibilidade, fundamentais para a construção de relações terapêuticas eficazes (Papadopoulos & Ali, 2016). Alguns investigadores sugerem que a prática compassiva contribui para melhorar os resultados clínicos, aumentando a satisfação dos utentes e o bem-estar dos profissionais de saúde (Percy & Richardson, 2018).

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Referências

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Publicado

2025-04-23

Como Citar

Condeço, L. (2025). Compaixão – um imperativo para a formação e a prática de enfermagem. Millenium - Journal of Education, Technologies, and Health, 2(27), e40980. https://doi.org/10.29352/mill0227.40980

Edição

Secção

Editorial