As Jovens e a Contraceção de Emergência: Vivências da sexualidade
Palavras-chave:
adolescência, sexualidade, adolescentes, fenomenologia, contraceção de emergênciaResumo
Ser adolescente…jovem faz parte do percurso do ser
humano no seu crescimento e desenvolvimento. É dos
períodos da vida mais saudáveis e de conquista que se têm ao
longo da vida. No entanto, atendendo aos comportamentos de
risco, nomeadamente aos que surgem naturalmente fruto desta
fase de desenvolvimento, e às novas realidades com que os
jovens se defrontam socialmente no seu quotidiano, torna-se
pertinente entender este período de vida e as particularidades
que nele assume a sexualidade. Com Portugal a ocupar o lugar
cimeiro entre os jovens europeus infetados com o VIH/SIDA
(Frade et al., 2006; Matos, 2010) e com gravidezes
indesejadas, a sexualidade na adolescência é um tema
importante na atualidade portuguesa.
O presente estudo teve como objetivos: compreender
os significados atribuídos pela jovem à vivência da sua
sexualidade; compreender os significados atribuídos pela
jovem à experiência de utilização de contraceção de
emergência. Participaram no estudo vinte e três (23) jovens do
sexo feminino, todas utilizadoras do Gabinete de Apoio à
Sexualidade Juvenil, de uma Delegação Regional da Zona
Centro do Instituto Português da Juventude. Recorreu-se a
uma abordagem fenomenológica, tendo-se para o efeito
selecionado a entrevista semiestruturada como instrumento de
colheita de dados. Para a análise dos dados optou-se pela
proposta de Análise Fenomenológica de Max Van Manen
(1997).
Dessa análise emergiram cinco grandes temas. Este
artigo analisa um desses grandes temas: a Contraceção de
Emergência como recurso na gravidez indesejada. São
apresentadas diferentes subcategorias e subsubcategorias.
As jovens manifestam uma forte preocupação com
as gravidezes indesejadas, mas o uso inadequado de métodos
contracetivos e o recurso a métodos pouco eficazes levam-nas
ao uso da Contraceção de Emergência em situações extremas.
Está subjacente a toda esta prática, a falta de preocupação com
as Infeções Sexualmente Transmissíveis (IST).
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