Boas práticas na fase pré-analítica das hemoculturas: um estudo quasi-experimental num serviço de urgência

Autores

  • Tânia Baptista Instituto Politécnico de Leiria, Escola Superior de Saúde, Leiria, Portugal | Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, E.P.E., Coimbra, Portugal https://orcid.org/0009-0008-6234-9482
  • Joana Sousa Instituto Politécnico de Leiria, Escola Superior de Saúde, Leiria, Portugal | Center for Innovative Care and Health Technology (ciTechCare), Leiria, Portugal https://orcid.org/0000-0001-5515-0696

DOI:

https://doi.org/10.29352/mill0214e.31247

Palavras-chave:

hemocultura; contaminação; enfermeiro; conhecimento

Resumo

Introdução: A hemocultura identifica inequivocamente o microrganismo responsável por uma infeção da corrente sanguínea. O seu valor diagnóstico depende da qualidade de cada momento da fase pré-analítica, sendo o cumprimento integral das boas práticas recomendadas um aspeto essencial. O enfermeiro deve implementar as recomendações mais atuais, suportadas pela evidência científica, para evitar a contaminação externa da amostra e obter uma taxa de contaminação inferior a 3%.

Objetivo: Analisar o impacto de intervenção formativa no conhecimento e na prática dos enfermeiros sobre a fase pré-analítica das hemoculturas.

Métodos: Este estudo segue uma metodologia quasi-experimental, prospetiva e longitudinal um questionário de avaliação de conhecimentos, com base numa pesquisa narrativa da literatura, elaboração de um plano de formação e a construção de um Procedimento Específico. O questionário de avaliação de conhecimento foi aplicado em dois momentos - antes e após a formação aos enfermeiros.

Resultados: Participaram no estudo 60% dos enfermeiros de um Serviço de Urgência, constituindo uma amostra não probabilística de conveniência. Antes da intervenção, os participantes acertaram em 60,4% das questões, aumentando para 78,3% dois meses após a intervenção. Observou-se uma mudança positiva em todas as questões colocadas, com 67,4% da amostra a evidenciar um aumento de conhecimento. A taxa de contaminação das hemoculturas atingiu 12,1% dois meses antes da intervenção, sem redução após a mesma.

Conclusão: O conhecimento dos enfermeiros melhorou após realização de formação em serviço e implementação de um Procedimento Específico (p<0,001). Todavia, não ocorreu redução da taxa de contaminação, verificando-se resistência à mudança comportamental. É necessário manter a intervenção educativa e acrescentar outras estratégias adequadas às características da equipa, de forma a reduzir efetivamente a taxa de contaminação das hemoculturas.

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Publicado

2024-02-29

Como Citar

Baptista, T., & Sousa, J. . (2024). Boas práticas na fase pré-analítica das hemoculturas: um estudo quasi-experimental num serviço de urgência. Millenium - Journal of Education, Technologies, and Health, (14e), e31247. https://doi.org/10.29352/mill0214e.31247

Edição

Secção

Ciências da vida e da saúde