Virulência, enzimas lenhinolíticas e perfil metabólico de Cryphonectria parasitica em estirpes virulentas e hipovirulentas Convertidas por CHV1 hipovirus

Autores

DOI:

https://doi.org/10.29352/mill0213.01.00285

Palavras-chave:

Cryphonectria parasitica, virulência, perfil metabólico, Biolog FF MicroPlates, enzimas lenhinolíticas, Cryphonectria hypovirus 1 (CHV1)

Resumo

Introdução: Cryphonectria parasitica, fungo responsável pelo cancro do castanheiro, causa lesões necróticas (cancros corticais) no tronco e ramos das árvores hospedeiras. O hipovírus, Cryphonectria hypovirus 1 (CHV1) reduz a virulência (hipovirulência) e altera a morfologia do fungo em cultura (redução da pigmentação e esporulação). As estirpes hipovirulentas CHV1 são utilizadas com sucesso na Europa como agentes de controlo biológico do Cancro do castanheiro.

Objetivos: O objetivo deste trabalho foi compreender o efeito do hipovírus na virulência e metabolismo do fungo, comparando a produção de algumas enzimas lenhinolíticas e os perfis metabólicos de estirpes virulentas e estirpes isogénicas de C. parasitica convertidas (com CHV1).

Métodos: A virulência de cada isolado foi avaliada por inoculação de micélio do fungo em maçãs (cv. Golden Delicious) e em ramos destacados de castanheiro com um ano de crescimento. Para a deteção da atividade de enzimas lenhinolíticas (lacases, peroxidases e celulases) foram usados vários substratos e compostos indicadores. O perfil metabólico de C. parasitica foi avaliado pelo sistema Biolog FF microplates pela utilização de 95 fontes diferentes de carbono.

Resultados: A utilização de MicroPlacas FF (Biolog, Inc.) indicaram que a utilização de 95 fontes de carbono pelos cinco isolados de C. parasitica, foram significativamente diferentes (p <0,001), quando os substratos foram agrupados em seis tipos de compostos químicos. Os maiores valores de AWCD foram obtidos para os hidratos de carbono, ácidos carboxílicos e polímeros, e os menores valores para os grupos aminas / amidas, aminoácidos e compostos diversos.

Conclusões: A avaliação da virulência de isolados de C. parasitica é importante para o estudo dos processos de hipovirulência mediados pelo hipovírus CHV1. Os ramos destacados de castanheiro foram, em nosso estudo, mais adequados que o teste em maçã para diferenciar as estirpes hipovirulentas das virulentas de C. parasitica. Os isolados virulentos evidenciaram sempre uma maior atividade de lacase induzida por ácido tânico (Lac3) e de outras enzimas lenhinolíticas (LiP, MnP e celulase) quando comparadas com os hipovirulentos. Os resultados da análise dos perfis metabólicos mostram que alguns grupos de substratos foram mais consumidos por isolados hipovirulentos. Estes estudos abrem novas perspetivas para entender o processo biológico usado pelo hipovírus, e sugerem que este é um método para discriminar estirpes hipovirulentas, e estudar a ecologia e a aptidão em campo destes isolados do fungo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Abreu, C. (1992). A hipovirulência como forma de luta natural contra o cancro do castanheiro. Revista de Ciências Agrárias, 15(1-2), 167–169.

Bragança, H., Simões, S., Santos, N., Marcelino, J., Tenreiro, R. & Rigling, D. (2005). Chestnut Blight in Portugal - Monitoring and vc Types of Cryphonectria parasitica. Acta Horticulturae, 693, 627–34. https://doi: 10.17660/ActaHortic.2005.693.84.

Chen, C., Sun, Q., Narayanan, B., Nuss, D. L. & Herzberg, O. (2010). Structure of Oxaloacetate Acethylhydrolase, a Virulence Factor of the Chestnut Blight Fungus. Journal of Biological Chemistry, 285(34), 26685–96. https://doi:10.1074/jbc.M110.117804.

Chung, H-J., Kwon, B-R., Kim, J-M., Park, S-M., Park, J-K., Cha, B-J., Yang, M-S. & Kim, D-H. (2008). A Tannic Acid-Inducible and Hypoviral-Regulated Laccase3 Contributes to the Virulence of the Chestnut Blight Fungus Cryphonectria parasitica. Molecular Plant-Microbe Interactions: MPMI, 21(12), 1582–90. https://doi:10.1094/MPMI-21-12-1582.

Dawe, A.L., Van Voorhies, W.A., Lau, T.A., Ulanov, A.V. & Li, Z. (2009). Major Impacts on the Primary Metabolism of the Plant Pathogen Cryphonectria parasitica by the Virulence-Attenuating Virus CHV1-EP713. Microbiology Society, 155, 3913–21. https://doi: 10.1099/mic.0.029033-0.

Elliston, J.E. (1985). Characteristics of dsRNA-free and dsRNA containing strains of Endothia parasitica in relation to hypovirulence. Phytopathology, 75, 151-158. https://DOI: 10.1094/phyto-75-151.

Faruk, M.I., Izumimoto, M. & Suzuki, N. (2008). Characterization of mutants of the chestnut blight fungus (Cryphonectria parasitica) with unusual hypovirus symptoms. Journal of General Plant Pathology, 74(6), 425-433. https://doi.org/10.1007/s10327-008-0121-5.

Fulbright, D.W. (1984). Effect of eliminating dsRNA in hypovirulent Endothia parasitica. Phytopathology, 74, 722-724. https://DOI: 10.1094/phyto-74-722.

Garland, J.L. & Mills, A.L. (1991). Classification and characterization of heterotrophic microbial communities on the basis of patterns of community level sole-carbon-source utilization Applied and Environmental Microbiology, 57, 2351-2359.

Gouveia, E., Cardoso, P. & Monteiro, M.L. (2001). Incidence of chestnut blight and diversity of vegetative compatible types of Cryphonectria parasitica in Trás-os-Montes. Forest Snow and Landscape Research, 76 (3): 387-390.

Gouveia, E., Pereira, E., Araújo, A., Coelho, V., Castro, J., Bragança, H. & Martins, L. (2016). Cancro do Castanheiro em Trás-os-Montes (Portugal): Incidência atual e estudo da estrutura populacional de Cryphonectria parasitica para a introdução da luta biológica por hipovirulência. Gaia Scientia, 10(2), 75-83. ISSN 1981-1268.

Heiniger, U. & Rigling, D. (1994). Biological control of Chestnut blight in Europe. Annual Review of Phytopathology, 32, 581-599. https://doi: 10.1146/annurev.py.32.090194.003053.

Lee, J.K., Tattar, A.T., Berman, P.M. & Mount, M.S. (1992). A rapid method for testing the virulence of Cryphonectria parasitica using excised bark and wood of American chestnut. Phytopathology, 82, 1454-1456.

Milgroom, M. & Cortesi, P. (1999). Analysis of population structure of the chestnut blight fungus based on vegetative incompatibility. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, 96, 10518-10523.https://doi.org/10.1073/pnas.96.18.10518.

Rice, A.V. & Currah, R.S. (2005). Profiles from Biolog FF plates and morphological characteristics support the recognition of Oidiodendrum fimicola sp. Nov. Studies in Mycology, 53, 75–82. https://doi.org/10.3114/sim.53.1.75.

Rigling, D. & Prospero, S. (2017). Cryphonectria parasitica, the Causal Agent of Chestnut Blight: Invasion History, Population Biology and Disease Control. Molecular Plant Pathology, 19(1), 7–20. https://doi: 10.1111/mpp.12542.

Rigling, D., Heiniger, U. & Hohl, H.R. (1989). Reduction of Laccase Activity in DsRNA-Containing Hypovirulent Strains of Cryphonectria (Endothia) parasitica. Phytopathology, 79, 219–23. https://doi:10.1094/Phyto-79-219.

Robin, C. & Heiniger, U. (2001). Chestnut Blight in Europe : Diversity of Cryphonectria parasitica, Hypovirulence and Biocontrol. Forest Snow and Landscape Research, 76(3), 361–67.

Zhai, L., Xiang, J., Zhang, M., Fu, M., Yang, Z. & Hong, N. (2016). Characterization of a Novel Double-Stranded RNA Mycovirus Conferring Hypovirulence from the Phytopathogenic Fungus Botryosphaeria dothidea. Virology, 493, 75–85. https://doi:10.1016/j.virol.2016.03.012.

Zhang, T.Y., Wu, Y.H., Zhuang, L.L., Wang, X.X. & Hu, H.Y. (2014). Screening heterotrophic microalgal strains by using the Biolog method for biofuel production from organic wastewater. Algal Research, 6, 175–179. https://doi:10.1016/j.algal.2014.10.003.

Downloads

Publicado

2020-06-18

Como Citar

Ouni, O. A., Jorge, L., Moura, L., Coelho, V., & Gouveia, E. (2020). Virulência, enzimas lenhinolíticas e perfil metabólico de Cryphonectria parasitica em estirpes virulentas e hipovirulentas Convertidas por CHV1 hipovirus. Millenium - Journal of Education, Technologies, and Health, 2(13), 11–21. https://doi.org/10.29352/mill0213.01.00285

Edição

Secção

Ciências agrárias, alimentares e veterinárias