Política nacional de formação de professores e a (re)constituição da identidade profissional

Abstract

O texto tem como objetivo central identificar as implicações da Política Nacional de Formação de Profissionais do Magistério da Educação Básica, instituída pelo Decreto 6755/09 (Brasil, 2009), para a (re) constituição da identidade profissional de professores-estudantes do curso de Pedagogia/Parfor. Fundamenta-se em Bourdieu (1997, 1998), Moscovici (2011, 2012) e Dubar (1997), na medida em que se considera que a construção da identidade profissional encontra-se atravessada por representações sociais e resulta de um processo de socialização. A investigação se enquadra em um paradigma qualitativo, cujos dados foram coletados por meio da aplicação de questionário, da realização de grupo focal e de entrevistas de aprofundamento, assim como da leitura de crônicas pedagógicas narradas por esses professores. Os resultados revelaram efeitos dessa política em três dimensões: nas relações político-normativas, quando são identificados fatores informacionais e normativos, que exerceram influência nos sujeitos em questão; nas relações institucionais, quando são desveladas suas práticas institucionais, organizativas e didáticas; e nas relações identitárias, quando indicam o grau de pertença e as necessidades/expectativas, reforçando a importância da valorização, da realização profissional e da responsabilização quanto ao trabalho que realizam. Conclui-se que é preciso compreender e repensar continuamente o campo da formação e do desenvolvimento profissional, sobretudo, quando se delineiam políticas que apostam na concretização de novas possibilidades formativas, a fim de que se possa confirmar, reconhecer e (re)constituir a identidade profissional dos professores, especialmente, daqueles que enfrentam os desafios do cotidiano das escolas públicas brasileiras.